Analisa-se a filiação da obra de Noel rosa a uma poética própria do samba, que estava sendo construída na década de 30 do século XX por vários compositores cariocas. Essa poética, cuja principal marca é o tom coloquial, foi arquitetada mesclando traços do discurso prosaico aos efeitos do discurso poético. Pela análise do samba “com que roupa?” verifica-se esse procedimento desde as marcas entoativas do discurso falado na melodia e na interpretação até registros de marcas de oralidade nas letras, passando por efeitos sintáticos e semânticos mais próprios do discurso coloquial. No final do ensaio, propõe-se a filiação da obra de Noel rosa ao que o dramaturgo italiano luigi Pirandello chamou de humorismo – uma categoria discursiva que atrela o discurso coloquial a um tipo de humor mais crítico.
NouelmaRpooséat:ica d o samba NOeL rOsà. càRICàTuRà. 1990.
Mayra Pinto Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Autora deNoel Rosa: o humor na canção(no prelo). São Paulo: Ateliê/Fapesp. mayrapinto@uol.com.br