Teatro das Memórias: entre o passado e o futuro
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Resumo: texto sobre a função sócio-cultural dos museus na atualidade e suas relações com os acervos culturais e naturais, as políticas do patrimônio cultural e da memória social.
Abstract: a brief article about the socio-cultural function of museums at present and its relations with the cultural and natural preservation policies, and the cultural heritage and social memory.

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Publié le 01 janvier 2010
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Langue Português

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Vol. 8 Nº2 págs. 363-373. 2010

www.pasosonline.org




Teatro das Memórias: entre o passado e o futuro







†Alexandre Fernandes Corrêa
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil)









Resumo: texto sobre a função sócio-cultural dos museus na atualidade e suas relações com os acervos
culturais e naturais, as políticas do patrimônio cultural e da memória social.

Palavras Chave: Museu; Patrimônio; Memória.


Abstract: a brief article about the socio-cultural function of museums at present and its relations with
the cultural and natural preservation policies, and the cultural heritage and social memory.

Key Words: Museum; Patrimony; Memory.


















† Doutor em Ciências Sociais: Antropologia (PUC/SP). Email: alexandre.correa@pesquisador.cnpq.br
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121 364 Teatro das Memórias: entre o passado e o futuro



Introdução lise de alguns aspectos sócio-culturais ca-
racterísticos do momento atual, relacionado
O tema da VIª Semana Nacional dos especialmente as mudanças nas
represenMuseus no Brasil, no ano de 2008, foi “Mu- tações sociais que os museus têm hoje no
seus como Agentes de Mudança Social e imaginário social brasileiro e
latinoDesenvolvimento”. Esse tema também foi o americano, é relevante tecer algumas
ligeiescolhido para o Ano Ibero-Americano de ras considerações sobre a história dos
muMuseus. O presente artigo é uma elaboraç- seus na sociedade ocidental.
3ão em texto escrito da conferência apresen- Como se sabe, os Museus na Europa já
tada no Memorial do Palácio Cristo-Rei, da têm uma longa história de focar o olhar
Universidade Federal do Maranhão, que sobre os objetos, como artefatos
engenprogramou exposições e atividades ligadas hosos, transformados em signos de
osten1ao evento nacional . Portanto, esse texto tação e poder. Os primeiros museus eram
possui as características de uma articulaç- coleções com pretensões enciclopédicas de
ão de idéias programáticas com algumas príncipes renascentistas, e eram fundados
indicações prospectivas para a ação cultu- sob a ideologia do poder político e
intelecral futura. tual, engajado em colecionar objetos, no
Logo de início é necessário salientar que modo taxonômico de ordená-los,
classificáé muito salutar as Universidades brasilei- los para a exposição do olhar e
condicionaras vincularem-se e integrarem-se ao pro- dos para a encenação ‘espetacularizada’ e
cesso de debates e reflexões sobre a função ‘teatralizada’. Tudo que foi colecionado sob
social dos Museus na sociedade local e na- esse viés, era considerado ‘visualmente
cional, assim como no continente,
contriinteressante’. Poder, exposição, glória e
buem para o processo de democratização
riqueza, eram os signos de
representatividas políticas culturais na
contemporaneidade e expressão para o olhar dos súditos,
dade. É preciso, cada vez mais, refletir
soque testemunhavam o poderio e a glória bre a contribuição que as Universidades
terrestre de seu soberano. podem dar para a crescente demanda pela
Nesse sentido o Museu nasce como um democratização do acesso aos museus em
Teatro da exibição ocular da volúpia do nosso país, além da atenção as demandas
poder inscrito nas coleções de objetos ma-pela transformação de suas funções e
pap4ravilhosos e valiosos. Sua história está éis sociais e culturais na atualidade.
marcada por esse viés conservador, que Num campo, espaço ou área do
conheci5expõem ao olhar o ‘poder em cena’ muse-mento dominada por um forte
conservado2 ológica. Mas, no século XX encontra-se di- é muito importante aprofundar a rismo
versas vozes que reclamam uma nova for-disposição de se renovar os paradigmas de
6ma de construção do espaço museológico . A atuação e das práticas museológicas atuais.
vertente mais combativa nesse sentido é o Mas, não deixa de parecer paradoxal e
surmovimento ainda forte designado como preendente que os Museus – lugares
tradi‘ecomuseu’ e que congrega com vigor novas cionalmente estabelecidos como locais de
propostas de inserção desses ‘lugares da conservação e preservação do antigo, do
obsoleto e do passado – passem a vir a ser memória’.
lugares de reflexão sobre as transformações
culturais, o desenvolvimento e a inclusão Exibir, Ver, Educar
social. Todavia, como se sabe algo é consi-
derado ‘paradoxal’ até o momento em que Assim, do Renascimento até hoje, os
se encontra a lógica subjacente que ainda Museus mudaram muito e devem mudar
estava oculta, revelando a relação e o 7ainda mais . É uma exigência da sociedade
vínculo encoberto. Destarte, esse é um de- contemporânea, que se rege sob novas
nesafio interessante para todos nós e integra cessidades e sob uma nova lógica cultural
uma dialética fecunda para o pensamento dominante. O antigo modelo, fundado na
sobre os estudos culturais contemporâneos. ostentação dos príncipes e poderosos da
Renascença, já não dá conta da nova
realiMuseu na História dade e da nova sociedade em que nos en-
contramos.
Antes de seguirmos com essa breve
anáPASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(2). 2010 ISSN 1695-7121

Alexandre Fernandes Corrêa 365

O desafio agora é a demanda para que no terreno empírico da ação de maneira
os museus se tornem um lugar-agente de alguma sugere a idéia de que refletir
teori‘promoção’ do ‘desenvolvimento’ e da ‘in- camente também não exija ação do
pensaclusão’ social; espaço para reflexão e propo- mento: pensar é agir. Não se está a dizer
sição de alternativas culturais e educacio- aqui que a contemplação não seja
impornais inovadoras. tante, todavia o que afirma-se nesse
instanÉ preciso compreender as metamorfoses te é que essas reflexões são fruto da ação
do sentido do museu na sociedade contem- cultural e da pesquisa engajada; em que se
porânea, pois esses espaços sociais da cul- tomou o partido do engajamento, após longo
tura – como Ecomuseus, Centros e Casas período de reflexão. Dessarte, não se temeu
comunitárias, oficiais ou privadas – estão ‘tomar o partido’ da resistência cultural
passando por um momento fecundo e mobi- contra as forças poderosas da
mercantili8lizador de um novo imaginário social . zação da cultura, que hoje domina a cena e
Nesse texto vamos trabalhar com a idéia o ambiente sócio-cultural.
do Museu como um Teatro das Memórias, Enfrentar a dificuldade de lidar com a
dialogando com as outras e diferentes for- memória, o patrimônio e a cultura num
mas de Museus, do tipo Eco-Museus, Cen- contexto sócio-cultural contemporâneo – em
tros e Casas de Cultura etc., que se cons- que a economia (cultural) domina cada vez
troem e inventam na atualidade. Invenções mais os espíritos, fascinados como estão
que sinalizam para a necessidade de se re- pelo fetichismo da
‘modernizaçãoinventar um espaço de inter-culturalidade globalização’ – exige grande esforço de
con9ativa, criativa e não passiva . É dessa nova centração e lucidez intelectual. Não basta
demanda que vemos surgir novas exigên- ser letrado e bem intecionado, ou possuir
cias, sendo a mais contundente a revelada um bom coração, é preciso uma lucidez
im12pela responsabilidade social e educacional placável para lidar com essas novas forças
dos museus. Fenômeno que se vincula ao do mercado: “a virada cultural do
capitatema central da VIª Semana Nacional dos lismo”.
Museus do Brasil e do ano Íbero-americano A importância dos estudos da memória
de Museus, de 2008: “Museus como Agentes na sua relação com a rede de significados
de Mudança Social e Desenvolvimento”. políticos e a dimensão da ação dos atores
sociais, é cada vez maior, mais urgente e

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