Enoturismo em Portugal: as Rotas de Vinho
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Resumo
Criadas em 1993 e apoiadas pelo programa Dyonisios da União Europeia, as rotas do vinho têm sido a face mais visível da prática do enoturismo em Portugal. Na falta de regulamentação específi-ca, estas rotas temáticas tem dependido da iniciativas dos próprios aderentes, através da formação de Associações de Aderentes, de entidades reguladoras vitivinícolas, como as Comissões de Viticultura Regionais, ou ainda de organismos ligados ao turismo, como as Regiões de Turismo. O artigo tem por objectivo analisar os fundamentos para o enoturismo em Portugal e a sua estruturação em torno das rotas do vinho. Analisa-se a socioeconomia da vinha e do vinho, procede-se ao levantamento das rotas exis-tentes e Identificam-se as potencialidades e limitações desta prática turística em Portugal.
Abstract
Since 1993, as supported by the Dyonisios program of the European Union, the wine routes have been the most visible face of the wine tourism practice in Portugal. Since these thematic routes have no specific rules, they usually depend on the initiative of the promoters, namely through the crea-tion of adherent/promoters associations or other institutions, like the Regional Viticulture Commissions, and Tourism Regions. This article aims at analysing the basis for the development of wine tourism in Portugal and its structure around wine routes. The socioeconomics traits of both the vineyards and wine, are analysed. The existing routes in Portugal are presented and their strengths and limitations are identi-fied.

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Publié le 01 janvier 2008
Nombre de lectures 115
Langue Português

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Vol. 6 Nº 2 págs. 269-279. 2008
Special Issue – Número Especial

www.pasosonline.org


Enoturismo em Portugal: as Rotas de Vinho

iOrlando Simões
Instituto Politécnico de Coimbra (Portugal)


Resumo: Criadas em 1993 e apoiadas pelo programa Dyonisios da União Europeia, as rotas do vinho
têm sido a face mais visível da prática do enoturismo em Portugal. Na falta de regulamentação específi-
ca, estas rotas temáticas tem dependido da iniciativas dos próprios aderentes, através da formação de
Associações de Aderentes, de entidades reguladoras vitivinícolas, como as Comissões de Viticultura
Regionais, ou ainda de organismos ligados ao turismo, como as Regiões de Turismo. O artigo tem por
objectivo analisar os fundamentos para o enoturismo em Portugal e a sua estruturação em torno das rotas
do vinho. Analisa-se a socioeconomia da vinha e do vinho, procede-se ao levantamento das rotas exis-
tentes e Identificam-se as potencialidades e limitações desta prática turística em Portugal.

Palavras-chave: Vinho; Vinha; Enoturismo; Rotas do vino; Socioeconomia


Abstract: Since 1993, as supported by the Dyonisios program of the European Union, the wine routes
have been the most visible face of the wine tourism practice in Portugal. Since these thematic routes
have no specific rules, they usually depend on the initiative of the promoters, namely through the crea-
tion of adherent/promoters associations or other institutions, like the Regional Viticulture Commissions,
and Tourism Regions. This article aims at analysing the basis for the development of wine tourism in
Portugal and its structure around wine routes. The socioeconomics traits of both the vineyards and wine,
are analysed. The existing routes in Portugal are presented and their strengths and limitations are identi-
fied.

Keywords: Wine; Vineyards; Wine tourism; Wine routes; Socioeconomics




i Orlando Simões é Eng. Agrónomo, Mestre em Economia e Doutor em Ciências Agrárias pela Universi-
dade Técnica de Lisboa. É Professor na Escola Superior Agrária de Coimbra. CERNAS - Centro de Estu-
dos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade. Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de
Coimbra, Portugal. E-mail: orlando@esac.pt
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121 270 Enoturismo em Portugal ...

Introdução com outras actividades complementares,
nomeadamente no sector do turismo. O
A vitivinicultura é um dos sectores mais enoturismo é visto aqui como o conjunto de
dinâmicos da agricultura portuguesa, sendo actividades associadas à visita a empresas
também um dos que melhor se adaptou à vitivinícolas, visita a museus e outros esta-
concorrência comunitária, em resultado da belecimentos ligados ao sector, participação
adesão de Portugal às Comunidades Euro- em eventos ou centros de interesses viti-
peias. No contexto da União Europeia, Por- vinícola, tendo como objectivo principal e
tugal é o quinto maior produtor de vinho, mais frequente o conhecimento e a prova
com valores médios próximos dos da Ale- dos vinhos das regiões visitadas. Trata-se
manha e a uma distância considerável dos de uma conceitualização pelo lado da pro-
maiores produtores e exportadores mun- cura, que pressupões o contacto directo do
diais, Itália, França e Espanha. No consu- turista com as actividades vitivinícolas,
mo, porém, o nosso país pertence ao grupo com os produtos resultantes dessas activi-
dos maiores consumidores, com valores dades e com todo o património paisagístico
muito próximos dos da França e Itália. e arquitectónico relacionados com a cultura
No comércio internacional, os vinhos da vinha e a produção de vinho.
portugueses ocupam também um papel de Pelo lado da oferta, o enoturismo apre-
destaque, quer em termos europeus quer senta-se organizado e estruturado sobretu-
mundiais. Portugal está situado num grupo do em torno de rotas do vinho. Estas são,
de países com quotas de mercado que va- assim, um produto turístico constituído por
riam entre os 3% e 5%, formado pelos Esta- percursos sinalizados e publicitados, orga-
dos Unidos, Austrália, Chile, Alemanha e nizados em rede, envolvendo explorações
Portugal. Todavia, o grau de internaciona- agrícolas e outros estabelecimento abertos
lização da nossa vinicultura é assinalável, ao público, através dos quais os territórios
sendo a relação exportação/produção uma agrícolas e as suas produções podem ser
das mais elevadas do mundo, juntamente divulgados e comercializados, estruturan-
com o Chile. do-se sob a forma de oferta turística.
Ao nível interno, tem-se mantido uma Neste quadro, o presente artigo preten-
clara preferência dos consumidores portu- de mostrar as características básicas do
gueses pelos vinhos nacionais, ao mesmo sector vitivinícola português susceptíveis de
tempo que tem aumentado a procura de serem aproveitadas para a prática do tu-
produtos de melhor qualidade percebida e rismo enológico, bem como relevar a im-
com maior valor acrescentado incorporado portância das rotas do vinho como forma de
(Simões, 1998: 377-393). Este facto tem estruturar a oferta. O trabalho desenvolve-
contribuído para um conjunto de alterações se ao longo de quatro pontos, sendo que nos
estruturais que se têm verificado ao nível dois primeiros é analisada a sócioeconomia
da produção, bem como o aparecimento de da vinha e a sua relação com o turismo
actividades complementares como o enotu- enológico, enquanto nos dois seguintes são
rismo. Depois da integração comunitária, analisadas mais em detalhe as práticas
Portugal enveredou por uma política de turísticas ligadas à vinha e ao vinho, em
qualidade na produção de vinho, reorgani- particular no que se refere ao turismo em
zando institucionalmente o sector, criando espaço rural (TER) e, em particular, às
novas denominações de origem e apoiando rotas do vinho.
massivamente os investimentos na produç-
ão de vinhos de qualidade. Por exemplo, à A sócioeconomia da vinha em Portugal e o
data da adesão comunitária, existiam em turismo enológico
Portugal 11 denominações de origem, 8
desde o início do século XX e 3 desde o iní- Desde muito cedo inserido nos circui-
cio dos anos 80, existindo hoje 33 denomi- tos comerciais, o vinho sempre desempe-
nações (sobre o assunto, ver Simões, 1994). nhou um papel fundamental na relação
Em resultado desta vitalidade interna e das explorações agrícolas com o mercado.
externa do sector vitivinícola cresceu O autoconsumo, outrora muito importan-
também a articulação da vinha e do vinho te na economia agrícola familiar, deixou
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(2). 2008 ISSN 1695-7121
Número Especial. Turismo Gastronómico y Enoturismo

Orlando Simões 271

de ter importância nas últimas décadas, fenómeno relativamente recente, e está já
passando a ser comercializada a maior ligado ao processo de reconversão da vinha
parte da produção de vinho. nesta região.
Considerando as categorias conceptuais Nos últimos anos, a agricultura familiar
definidas em Baptista (1993 e 1993a), po- tem aumentado de importância relativa.
demos conjecturar acerca da importância Com a diminuição da mão-de-obra disponí-
relativa dos principais grupos de agriculto- vel, as possibilidades das novas tecnologias
res que estiveram na base dos movimentos e, sobretudo, com a mecanização, as explo-
inovadores da viticultura portuguesa nas rações patronais de menor dimensão torna-
últimas décadas. De facto, foram precisa- ram-se empresas familiares, enquanto que,
mente estes grupos mais inovadores que, as que já o eram, passaram a depender
por isso mesmo, estiveram na base do de- ainda menos dos assalariados. Mas as si-
senvolvimento do enoturismo em Portugal. tuações são tão diversas que é usual falar-
Na grande propriedade associada às se em agriculturas familiares. Baptista
mais importantes regiões vitícolas nacio- (1993a: 33-53) distingue três funções prin-
nais, sejam os grandes patrimónios fundiá- cipais desempenhadas por estas agricultu-
rios do Norte, sejam as casas agrícolas do ras: funções de produção, função trabalho e
Ribatejo e Oeste, a vinha ocupou sempre função social. A agricultura desempenha
um lugar de

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