O Príncipe
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O Príncipe , livre ebook

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Description

Àqueles que chegam desavisados ao texto límpido e elegante de Nicolau Maquiavel pode parecer que o autor escreveu, na Florença do século XVI, um manual abstrato para a conduta de um mandatário. Entretanto, esta obra clássica da filosofia moderna, fundadora da ciência política, é fruto da época em que foi concebida.
Em 1513, depois da dissolução do governo republicano de Florença e do retorno da família Médici ao poder, Maquiavel é preso, acusado de conspiração. Perdoado pelo papa Leão X, ele se exila e passa a escrever suas grandes obras. "O Príncipe", publicado postumamente, em 1532, é uma esplêndida meditação sobre a conduta do governante e sobre o funcionamento do Estado, produzida num momento da história ocidental em que o direito ao poder já não depende apenas da hereditariedade e dos laços de sangue. Mais que um tratado sobre as condições concretas do jogo político, "O Príncipe" é um estudo sobre as oportunidades oferecidas pela fortuna, sobre as virtudes e os vícios intrínsecos ao comportamento dos governantes, com sugestões sobre moralidade, ética e organização urbana que, apesar da inspiração histórica, permanecem espantosamente atuais.

Sujets

Informations

Publié par
Date de parution 19 avril 2024
Nombre de lectures 1
EAN13 9789897789434
Langue Português

Informations légales : prix de location à la page 0,0250€. Cette information est donnée uniquement à titre indicatif conformément à la législation en vigueur.

Extrait

Nicolau Maquiavel
O PR Í NCIPE
t í tulo original | il principe
autor | nicolau maquiavel
tradu çã o | a. m. santos
capa | mim é tica
imagem da capa | rafael sanzio: louren ç o de m é dici (1519)
pagina çã o | mim é tica
copyright | 2019 © mim é tica para a presente tradu çã o
 
esta edi çã o respeita o novo acordo ortogr á fico da l í ngua portuguesa
Í ndice
 
 
 
Dedicatória
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
 
Dedicatória
 
Ao magn í fico Lorenzo de Medici
 
 
Costumam, o mais das vezes, aqueles que desejam conquistar as gra ç as de um Pr í ncipe, trazer-lhe aquelas coisas que consideram mais caras ou nas quais o vejam encontrar deleite, donde se v ê ami ú de serem a ele oferecidos cavalos, armas, tecidos de ouro, pedras preciosas e outros ornamentos semelhantes, dignos de sua grandeza. Desejando eu, portanto, oferecer-me a Vossa Magnific ê ncia com um testemunho qualquer de minha submiss ã o, n ã o encontrei entre os meus cabedais coisa a mim mais cara ou que tanto estime, quanto o conhecimento das a çõ es dos grandes homens apreendido atrav é s de uma longa experi ê ncia das coisas modernas e uma cont í nua li çã o das antigas as quais tendo, com grande dilig ê ncia, longamente perscrutado e examinado e, agora, reduzido a um pequeno volume, envio a Vossa Magnific ê ncia.
E se bem julgue esta obra indigna da presen ç a de Vossa Magnific ê ncia, n ã o menos confio que deva ela ser aceita, considerado que de minha parte n ã o lhe possa ser feito maior oferecimento sen ã o o dar-lhe a faculdade de poder, em tempo assaz breve, compreender tudo aquilo que eu, em tantos anos e com tantos inc ô modos e perigos, vim a conhecer. N ã o ornei este trabalho, nem o enchi de per í odos sonoros ou de palavras pomposas e magn í ficas, ou de qualquer outra figura de ret ó rica ou ornamento extr í nseco, com os quais muitos costumam desenvolver e enfeitar suas obras; e isto porque n ã o quero que outra coisa o valorize, a n ã o ser a variedade da mat é ria e a gravidade do assunto a tornarem-no agrad á vel. Nem desejo se considere presun çã o se um homem de baixa e í nfima condi çã o ousa discorrer e estabelecer regras a respeito do governo dos pr í ncipes: assim como aqueles que desenham a paisagem se colocam nas baixadas para considerar a natureza dos montes e das altitudes e, para observar aquelas, se situam em posi çã o elevada sobre os montes, tamb é m, para bem conhecer o car á ter do povo, é preciso ser pr í ncipe e, para bem entender o do pr í ncipe é preciso ser do povo. Receba, pois, Vossa Magnific ê ncia este pequeno presente com aquele intuito com que o mando; nele, se diligentemente considerado e lido, encontrar á o meu extremo desejo de que lhe advenha aquela grandeza que a fortuna e as outras suas qualidades lhe prometem. E se Vossa Magnific ê ncia, das culmin â ncias em que se encontra, alguma vez volver os olhos para baixo, notar á qu ã o imerecidamente suporto um grande e cont í nuo infort ú nio.
Capítulo 1
 
De quantas esp é cies s ã o os principados e de que modos se adquirem
 
 
Todos os Estados, todos os governos que tiveram e t ê m autoridade sobre os homens, foram e s ã o ou rep ú blicas ou principados. Os principados s ã o: ou heredit á rios, quando seu sangue senhorial é nobre h á j á longo tempo, ou novos. Os novos podem ser totalmente novos, como foi Mil ã o com Francisco Sforza, ou o s ã o como membros acrescidos ao Estado heredit á rio do pr í ncipe que os adquire, como é o reino de N á poles em rela çã o ao rei da Espanha. Estes dom í nios assim obtidos est ã o acostumados, ou a viver submetidos a um pr í ncipe, ou a ser livres, sendo adquiridos com tropas de outrem ou com as pr ó prias, bem como pela fortuna ou por virtude.
Capítulo 2
 
Dos principados heredit á rios
 
 
N ã o cogitarei aqui das rep ú blicas porque delas tratei longamente em outra oportunidade. Voltarei minha aten çã o somente para os principados, irei delineando os princ í pios descritos e discutirei como devem ser eles governados e mantidos. Digo, pois, que para a preserva çã o dos Estados heredit á rios e afei ç oados à linhagem de seu pr í ncipe, as dificuldades s ã o assaz menores que nos novos, pois é bastante n ã o preterir os costumes dos antepassados e, depois, contemporizar com os acontecimentos fortuitos, de forma que, se tal pr í ncipe for dotado de ordin á ria capacidade sempre se manter á no poder, a menos que uma extraordin á ria e excessiva for ç a dele venha a priv á -lo; e, uma vez dele destitu í do, ainda que tem í vel seja o usurpador, volta a conquist á -lo.
N ó s temos na It á lia, como exemplo, o Duque de Ferrara que n ã o cedeu aos assaltos dos venezianos em 1484 nem aos do Papa J ú lio em 1510, apenas por ser antigo naquele dom í nio. Na verdade, natural tem menores raz õ es e menos necessidade de ofender: donde se conclui dever ser mais amado e, se n ã o se faz odiar por desbragados v í cios, é l ó gico e natural seja benquisto de todos. E na antiguidade e continua çã o do exerc í cio do poder, apagam-se as lembran ç as e as causas das inova çõ es, porque uma mudan ç a sempre deixa lan ç ada a base para a ere çã o de outra.
 
Capítulo 3
 
Dos principados mistos
 
 
Mas é nos principados novos que residem as dificuldades. Em primeiro lugar, se n ã o é totalmente novo mas sim como membro anexado a um Estado heredit á rio (que, em seu conjunto, pode chamar-se "quase misto"), as suas varia çõ es resultam principalmente de uma natural dificuldade inerente a todos os principados novos: é que os homens, com satisfa çã o, mudam de senhor pensando melhorar e esta cren ç a faz com que lancem m ã o de armas contra o senhor atual, no que se enganam porque, pela pr ó pria experi ê ncia, percebem mais tarde ter piorado a situa çã o. Isso depende de uma outra necessidade natural e ordin á ria, a qual faz com que o novo pr í ncipe sempre precise ofender os novos s ú ditos com seus soldados e com outras infinitas inj ú rias que se lan ç am sobre a recente conquista; dessa forma, tens como inimigos todos aqueles que ofendeste com a ocupa çã o daquele principado e n ã o podes manter como amigos os que te puseram ali, por n ã o poderes satisfaz ê -los pela forma por que tinham imaginado, nem aplicar-lhes corretivos violentos uma vez que est á s a eles obrigado; porque sempre, mesmo que fort í ssimo em ex é rcitos, tem-se necessidade do apoio dos habitantes para penetrar numa prov í ncia. Foi por essas raz õ es que Lu í s XII, rei de Fran ç a, ocupou Mil ã o rapidamente e logo depois o perdeu, para tanto bastando inicialmente as for ç as de Ludovico, porque aquelas popula çõ es que lhe haviam aberto as portas, reconhecendo o erro de seu pensar anterior e descrentes daquele bem-estar futuro que haviam imaginado, n ã o mais podiam suportar os dissabores ocasionados pelo novo pr í ncipe.
É bem verdade que, reconquistando posteriormente as regi õ es rebeladas, mais dificilmente se as perdem, eis que o senhor, em raz ã o da rebeli ã o, é menos vacilante em assegurar-se da puni çã o daqueles que lhe faltaram com a lealdade, em investigar os suspeitos e em reparar os pontos mais fracos. Assim sendo, se para que a Fran ç a viesse a perder Mil ã o pela primeira vez foi suficiente um Duque Ludovico que fizesse motins nos seus limites, j á para perd ê -lo pela segunda vez foi preciso que tivesse contra si o mundo todo e que seus ex é rcitos fossem desbaratados ou expulsos da It á lia, o que resultou das raz õ es logo acima apontadas. N ã o obstante, tanto na primeira como na segunda vez, Mil ã o foi-lhe tomado.
As raz õ es gerais da primeira foram expostas; resta agora falar sobre as da segunda vez e ver de que rem é dios dispunha a Fran ç a e de que meios poder á valer-se quem venha a encontrar-se em circunst â ncias tais, para poder manter-se na posse da conquista melhor do que o fez esse pa í s.
Digo, consequentemente, que estes Estados conquistados e anexados a um Estado antigo, ou s ã o da mesma prov í ncia e da mesma l í ngua, ou n ã o o s ã o: Quando o sejam, é sumamente f á cil mant ê -los sujeitos, m á xime quando n ã o estejam habituados a viver em liberdade, e para domin á -los seguramente ser á bastante ter-se extinguido a estirpe do pr í ncipe que os governava, porque nas outras coisas, conservando-se suas velhas condi çõ es e n ã o existindo altera çã o de costumes, os homens passam a viver tranquilamente, como se viu ter ocorrido com a Borgonha, a Bretanha, a Gasconha e a Normandia que por tanto tempo estiveram com a Fran ç a, isto a despeito da relativa diversidade de l í nguas, mas gra ç as à semelhan ç a de costumes facilmente se acomodaram entre eles. E quem conquista, querendo conserv á -los, deve adotar duas medidas: a primeira, fazer com que a linhagem do antigo pr í ncipe seja extinta; a outra, aquela de n ã o alterar nem as suas leis nem os impostos; por tal forma, dentro de mui curto lapso de tempo, o territ ó rio conquistado passa a constituir um corpo todo com o principado antigo. Mas, quando se conquistam territ ó rios numa prov í ncia com l í ngua, costumes e leis diferentes, aqui surgem as dificuldades e é necess á rio haver muito boa sorte e habilidade para mant ê -los. E um dos maiores e mais eficientes rem é dios seria aquele do conquistador ir habit á -los. Isto tornaria mais segura e mais duradoura a posse adquirida, como ocorreu com o Turco da Gr é cia, que a despeito de ter observado todas as leis locais, n ã o teria conservado esse territ ó rio se para a í n ã o tivesse se transferido. Isso porque, estando no local, pode-se ver nascerem as desordens e, rapidamente, podem ser elas reprimidas; a í n ã o estando, delas

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