O Retrato de Dorian Gray
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O Retrato de Dorian Gray , livre ebook

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Description

"O Retrato de Dorian Gray", o único romance de Oscar Wilde, provocou reações simultâneas de ira e admiração entusiástica desde o seu lançamento numa versão mais curta no Lippincott’s Magazine (1890). Como desafio, Wilde resolveu publicar "Dorian Gray" em livro, acrescentando-lhe o prefácio e novos capítulos. A primeira edição saiu em abril de 1891.
"O Retrato de Dorian Gray" é uma das obras-primas da literatura mundial e uma narrativa inigualável acerca da decadência moral e da perda da alma em troca dos prazeres mundanos.

Sujets

Informations

Publié par
Date de parution 11 novembre 2017
Nombre de lectures 3
EAN13 9789897781100
Langue Português

Informations légales : prix de location à la page 0,0007€. Cette information est donnée uniquement à titre indicatif conformément à la législation en vigueur.

Extrait

Oscar Wilde
O RETRATO DE DORIAN GRAY
Í ndice
 
 
 
Prefácio
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
 
Prefácio
 
 
 
O artista é o criador de coisas belas.
Revelar a arte e ocultar o artista é o objetivo da arte.
O cr í tico é aquele que sabe traduzir de outra maneira ou com material diferente a sua impress ã o das coisas belas.
A mais alta, assim como a mais baixa, forma de cr í tica é uma autobiografia.
Aqueles que encontram feias significa çõ es nas coisas belas s ã o corruptos sem serem encantadores. É um defeito.
Aqueles que encontram belas significa çõ es nas coisas belas s ã o cultos. Para esses h á esperan ç a. S ã o os eleitos aqueles para quem as coisas belas apenas significam Beleza.
N ã o h á livros morais nem imorais. Os livros s ã o bem ou mal escritos. Nada mais.
A antipatia do s é culo XIX pelo Realismo é a raiva de Caliban ao ver a sua cara no espelho.
A antipatia do s é culo XIX pelo Romantismo é a raiva de Caliban por n ã o ver a sua cara no espelho.
A vida moral do homem faz parte do assunto do artista, mas a moralidade da arte consiste no uso prefeito de um meio imperfeito. Nenhum artista deseja provar o que quer que seja. At é as coisas verdadeiras se podem provar.
Nenhum artista tem simpatias é ticas. Uma simpatia é tica num artista é um imperdo á vel maneirismo de estilo.
O artista nunca é m ó rbido. O artista pode exprimir tudo.
O pensamento e a linguagem s ã o para o artista instrumento de arte.
O v í cio e a virtude s ã o para o artista materiais de arte.
Sob o ponto de vista da forma, o tipo de todas as artes é a arte do m ú sico. Sob o ponto de vista do sentimento, o tipo é a profiss ã o de ator.
Toda a arte é ao mesmo tempo superf í cie e s í mbolo.
Aqueles que descem al é m da superf í cie fazem-no com risco seu.
O mesmo sucede à queles que leem o s í mbolo.
É o espectador, e n ã o a vida, que a arte realmente reflete.
A diversidade de opini õ es sobre uma obra de arte mostra que a obra é nova, complexa e vital.
Quando os cr í ticos divergem, o artista est á de acordo consigo mesmo.
Pode-se perdoar a um homem o fazer uma coisa ú til, enquanto ele a n ã o admira. A ú nica desculpa que merece quem faz uma coisa in ú til é admir á -la intensamente.
Toda a arte é absolutamente in ú til.
 
Oscar Wilde
 
 
 
 
Capítulo 1
 
 
 
Perfumava o atelier um delicioso aroma de rosas e, quando a leve brisa sacudia as á rvores do jardim, sentia-se atrav é s da porta aberta a frag â ncia pesada do lil á s ou o perfume mais delicado do espinheiro de flor cor-de-rosa.
Do canto do div ã persa em que estava estendido, fumando, como tinha por h á bito, in ú meros cigarros, Lorde Henrique Wotton o mais que podia com os olhos abranger era um codesso de flores cor de mel, cujos ramos tr é mulos pareciam mal poder com o peso de uma beleza t ã o et é rea e subtil; e, de quando em quando, as fant á sticas sombras de aves voando cruzavam as cortinas de seda que guarneciam a enorme janela, produzindo como que um moment â neo efeito japon ê s e fazendo-o pensar nesses p á lidos pintores de T ó quio que, por meio de uma arte que é necessariamente im ó vel, procuram dar a sensa çã o da ligeireza e do movimento.
O mon ó tono zumbido das abelhas parecia tornar o sil ê ncio ainda mais opressivo. O vago bul í cio de Londres chegava-lhe aos ouvidos como o bord ã o de um ó rg ã o long í nquo.
No centro do quarto, sobre um cavalete, exibia-se o retrato em corpo inteiro de um jovem de extraordin á ria beleza e, em frente, a pequena dist â ncia, achava-se sentado o artista que o pintara, Bas í lio Hallward, cuja brusca desapari çã o alguns anos atr á s havia causado certo alvoro ç o e originado as mais estranhas conjeturas. Ao fitar a sua obra, em que t ã o artisticamente retratara linhas t ã o graciosas e gentis, o pintor n ã o p ô de deixar de sorrir.
Dir-se-ia que esse sorriso prazenteiro se lhe iria demorar nos l á bios, mas, de repente, o artista levantou-se e, cerrando os olhos, colocou os dedos sobre as p á lpebras, como se procurasse prender dentro do c é rebro algum curioso sonho de que receava despertar.
— É o seu melhor trabalho, Bas í lio, a melhor coisa que voc ê tem feito — disse Lorde Henrique, languidamente. — Com certeza vai mand á -lo no ano que vem à exposi çã o de Grosvenor. A Academia é grande de mais e vulgar de mais. De todas as vezes que l á fui, ou havia tanta gente que eu n ã o podia ver os quadros, o que era terr í vel, ou havia tantos quadros que eu n ã o podia ver a gente, o que era pior. Grosvenor é , na realidade, o ú nico lugar.
— N ã o penso mand á -lo a parte alguma — respondeu o artista, atirando para tr á s a cabe ç a, naquele seu jeito singular que, em Oxford, provocava o riso dos amigos. — N ã o! N ã o tenciono exp ô -lo!
Lorde Henrique arregalou os olhos e fitou-o com espanto, atrav é s das espirais azuis de fumo que caprichosamente se evolavam do seu cigaro fortemente opiado.
— N ã o tenciona exp ô -lo? Porqu ê , meu caro amigo? Tem alguma raz ã o? Que esquisitas voc ê s s ã o, os pintores! Fazem tudo para criarem fama. Apenas a t ê m, parecem apostados em a atirarem fora. É uma tolioe, pois s ó h á no mundo uma coisa pior que falarem de n ó s: é ningu é m de n ó s falar. Um retrato como este coloc á -lo-ia muito acima de todos os jovens de Inglaterra e causaria inveja a todos os velho ® , se é que os velhos s ã o capazes de qualquer emo çã o.
— Bem sei que se h á de rir de mim — replicou ele — , mas o facto é que n ã o o posso expor. Pus nele demasiado de mim mesmo.
Lorde Henrique estirou-se no div ã e desatou a rir.
— Sim, j á sabia que se havia de rir; mas é absolutamente certo, no entanto.
— Demasiado de si mesmo! Palavra de honra, Bas í lio, n ã o sabia que fosse t ã o vaidoso; e, na verdade, nenhuma semelhan ç a posso ver entre voc ê , com a cara forte e enrugada e o cabelo preto como carv ã o, e este jovem Ad ó nis, que parece feito de marfim e p é talas de Tosa. Ele, meu caro Bas í lio, é um Narciso, e voc ê , claro est á , tem uma express ã o intelectual. Mas a beleza, a verdadeira beleza, termina onde come ç a a express ã o intelectual. A intelig ê ncia é em si um modo de exagero e destr ó i a harmonia do rosto. Quando uma pessoa se isenta para pensar, torna-se toda nariz, ou toda testa, ou alguma coisa horrenda. Veja os homens a quem o ê xito sorriu em qualquer das profiss õ es intelectuais. Que hediondos s ã o! Excetuam-se, j á se v ê , os da Igreja. Mas é que na Igreja n ã o se pensa. Um bispo continua a dizer aos oitenta anos o que lhe ensinaram aos dezoito; e, por isso, como consequ ê ncia natural, é que ele conserva sempre uma apar ê ncia absolutamente deliciosa. O seu misterioso amigo, cujo nome nunca me disse, mas cujo retrato realmente me fascina, nunca pensa. Tenho disso a certeza absoluta. É algum indiv í duo belo, destitu í do de c é rebro, que devia estar sempre aqui no inverno, quando n ã o temos flores que nos encanem a vista, e no ver ã o, quando precisamos de alguma coisa que nos refrigere a intelig ê ncia. N ã o se lisonjeie, Bas í lio: voc ê n ã o se parece nada com ele.
— N ã o me compreende, Henrique — respondeu o artista. — É claro que n ã o me pare ç o com ele. Sei-o perfeitamente. Digo-lhe ainda mais: penalizar-me-ia muito parecer-me com ele. Encolhe os ombros? Estou a dizer-lhe a verdade. H á uma fatalidade em toda a distin çã o f í sica e intelectual, aquela esp é cie de fatalidade que parece seguir, atrav é s da hist ó ria, os passos vacilantes dos reis. O melhor é n ã o nos distinguirmos dos outros. Os feios e os est ú pidos s ã o neste mundo os mais ditosos. Podem à sua vontade gozar o espet á culo. Se n ã o conhecem as del í cias do triunfo, tamb é m os n ã o amargura o travo da derrota. Vivem como todos n ó s dev í amos viver, sossegados, indiferentes, sem inquieta çõ es. Nem causam a ru í na dos outros, nem a recebem das m ã os alheias. A sua situa çã o é a sua riqueza, Henrique; o meu c 

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