Contos de Shakespeare
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Description

Glória das letras inglesas, William Shakespeare foi o seu mais célebre dramaturgo e um dos grandes clássicos da literatura universal. Graças à riqueza da sua genialidade verbal, da magia incomparável da sua linguagem dramática e do fino espírito de humor com que adorna muitas peças, são incontáveis as representações que estas têm tido em todo o mundo. A presente adaptação dos irmãos Charles e Mary Lamb, pensada para os leitores mais jovens, não perde nem trai a essência da obra shakespeariana nem os valores humanos e morais que lhe estão subjacentes.

Sujets

Informations

Publié par
Date de parution 11 novembre 2017
Nombre de lectures 9
EAN13 9789897780868
Langue Português

Informations légales : prix de location à la page 0,0007€. Cette information est donnée uniquement à titre indicatif conformément à la législation en vigueur.

Extrait

Charles & Mary Lamb
CONTOS DE SHAKESPEARE
 
 
 
 
Índice
 
 
 
Prefácio do Tradutor
A Tempestade
Sonho de uma Noite de Verão
Conto de Inverno
Muito Barulho por Nada
Como lhes Aprouver
Os Dois Cavalheiros de Verona
O Mercador de Veneza
Cimbeline
O Rei Lear
Macbeth
Bem Está o Que Bem Acaba
A Megera Domada
A Comédia dos Erros
Medida por Medida
Noite de Reis
Tímon de Atenas
Romeu e Julieta
Hamlet, Príncipe da Dinamarca
Otelo
Péricles, Príncipe de Tiro
 
Prefácio do Tradutor
 
 
 
Vulgares em Inglaterra, onde a leitura tem devo çõ es entre n ó s incompreendidas, estes contos, extra í dos por Charles e Mary Lamb das Trag é dias e Com é dias de Shakespeare, ao mesmo tempo que tornam a todos acess í veis as cria çõ es do g é nio imortal de Stratford-on-Avon, iniciam a mocidade no culto carinhoso, feito de admira çã o e amor, que todo o ingl ê s tem por Shakespeare.
Foi, com efeito, pensando na gente nova que os irm ã os Lamb se aventuraram em t ã o dif í cil e delicada tarefa. E a prova de que n ã o foi baldado o seu esfor ç o nem indigna a sua obra do nome excelso que lhe ilumina e preconsagra o t í tulo est á nas m ú ltiplas edi çõ es que dos Tales from Shakespeare sucessivamente se renovam.
De Shakespeare n ã o h á agora necessidade de falar. Exaltaram-no os s é culos à s culmin â ncias astrais em que fulguram os g é nios.
Limitemo-nos a fazer uma breve refer ê ncia aos irm ã os Lamb.
Charles Lamb nasceu em Londres em 1775 quando Mary, sua irm ã , j á andava nos seus dez anos de idade. Deles se n ã o pode dizer que os acolhera a vida com sorrisos e carinhos; cedo, pelo contr á rio, come ç aram, de m ã os dadas, a galgar-lhe o calv á rio dos travores.
Em 1796 enovela-se-lhes na vida uma formid á vel trag é dia: Mary, num acesso brusco de loucura, matou a m ã e com uma faca de mesa. Andava o irm ã o planeando um casamento que o havia de p ô r de futuro ao abrigo dos percal ç os da sorte. A trag é dia apanhou-o de surpresa quando os seus projetos mais pr ó ximos estavam da salvadora realidade. N ã o hesitou, por é m, entre o racioc í nio calculista e os impulsos fraternos do sentimento: renunciou ao casamento, a todos os planos que lhe permitiam antever um futuro sem asperezas nem sobressaltos, e consagrou-se exclusivamente à sua desditosa irm ã , de quem fez a companheira insepar á vel de toda a sua vida.
Apertadas eram, por é m, as condi çõ es em que decorria a vida de ambos. Charles Lamb escrevia de tudo, na â nsia exaustante do ganha-p ã o: poemas, contos, ensaios, dramas. Nas suas abertas de lucidez, ela cooperava no labor do irm ã o.
Em 1807 foi convidado a colaborar na Juvenile Library . Foi ent ã o que os dois empreenderam a obra que maior renome lhes havia de merecer: os Contos de Shakespeare . Ele escreveu as Trag é dias; ela, as Com é dias.
Data da í a sua consagra çã o. Ao m é rito liter á rio de Charles Lamb acrescia a hist ó ria da sua vida í ntima, em que a abnega çã o igualava em grandeza a trag é dia. Os seus livros eram da í em diante lidos com enternecido respeito e comovida admira çã o e postos a par dos melhores — e n ã o s ã o poucos — que se enfileiram nas bibliotecas inglesas.
Charles Lamb, falecido em 1834, figura hoje na literatura inglesa como um dos mais sagazes cr í ticos e mais perfeitos e claros prosadores.
Como atr á s se disse, estes contos s ã o, sobretudo, destinados à gente nova, para quem constituem uma esp é cie de inicia çã o shakespeariana.
Mais tarde, sem d ú vida, os jovens leitores de agora ler ã o as pr ó prias pe ç as de Shakespeare, qui çá na l í ngua original, se melhor lhes quiserem apreender a beleza e sentir o original sabor do g é nio.
O maior desejo dos autores dos presentes contos é , ent ã o, que as pe ç as de Shakespeare, no decorrer incerto da vida, lhes enrique ç am a fantasia, fortale ç am a virtude, deles afastem todos os pensamentos ego í stas e mercen á rios, lhes ensinem todos os pensamentos e atos que enternecem e nobilitam, lhes ministrem prof í cuas li çõ es de cortesia, bondade e generosidade — pois de exemplos que ensinam estas virtudes est ã o suas p á ginas cheias.
 
Janu á rio Leite
A Tempestade
 
 
 
Havia no mar uma certa ilha que tinha por ú nicos habitantes um velho chamado Pr ó spero e sua filha Miranda, jovem e formosa. Em t ã o verdes anos a trouxeram para esta ilha que n ã o se recordava de jamais haver enxergado outra face humana que n ã o fosse a de seu pai.
Viviam os dois numa caverna aberta numa rocha e dividida em v á rios compartimentos, um dos quais era o gabinete de trabalho de Pr ó spero; a í tinha ele os seus livros, que principalmente versavam a magia, estudo nessa é poca muito da predile çã o de todos os homens cultos. O conhecimento desta arte fora para ele de uma particular utilidade, pois que, atirado por um estranho acaso para esta ilha que havia sido encantada por uma feiticeira chamada Sycorax, falecida pouco antes da sua chegada, Pr ó spero, por via da sua arte, conseguiu libertar muitos esp í ritos bons que Sycorax encarcerara nos troncos de corpulentas á rvores por eles haverem recusado cumprir as suas perversas ordens. Estes bons esp í ritos ficaram da í em diante obedecendo à vontade de Pr ó spero. Ariel era o seu chefe.
A ú nica maldade que se abrigava na natureza de Ariel era o prazer que ele tinha em atormentar um feio monstro chamado Caliban, que ele odiava figadalmente por ser filho da sua antiga inimiga Sycorax. Pr ó spero encontrou nos bosques este Caliban, estranha e disforme criatura, muito menos humano na forma do que um macaco: levou-o consigo para a sua caverna e ensinou-o a falar. Pr ó spero era de uma grande bondade para com ele, mas a ruim í ndole que Caliban herdara de sua m ã e Sycorax impedia-o de aprender o que quer que fosse de bom ou ú til: por conseguinte, fazia servi ç o de escravo, ia buscar lenha, empregava-se nos trabalhos mais grosseiros. Ariel tinha por dever obrig á -lo a estes servi ç os.
Quando Caliban se deixava vencer pela pregui ç a e se desleixava no trabalho, Ariel (que s ó aos olhos de Pr ó spero era vis í vel) vinha sorrateiramente belisc á -lo e, à s vezes, at é com um empurr ã o o fazia estatelar-se na lama; depois, para mais o irritar, assumindo forma de macaco, fazia momices e arreganhava-lhe os dentes. Mudando ent ã o rapidamente de forma, Ariel surgia metamorfoseado em ouri ç o e punha-se no caminho de Caliban, que ficava a tremer com medo de que os espinhos do ouri ç o lhe picassem os p é s descal ç os. Desta maneira, Ariel atormentava-o ami ú de todas as vezes que Caliban descurava o trabalho que Pr ó spero lhe ordenara.
Tendo estes poderosos esp í ritos submissos à sua vontade, Pr ó spero podia por eles mandar nos ventos e nas ondas do mar. Por sua ordem, os esp í ritos desencadearam uma violenta tempestade no meio da qual, debatendo-se com as temerosas vagas que a cada momento amea ç avam trag á -lo, ele mostrou à filha um magn í fico navio que dizia estar cheio de seres vivos como eles.
— Ó meu querido pai — disse ela — , se pela vossa arte v ó s desencadeastes esta terr í vel tormenta, amerceai-vos de tantos desgra ç ados prestes a perecer. Vede! O navio vai ser feito em bocados. Pobres almas! Nem uma escapar á . Se eu pudesse, preferia que o mar se sumisse, sorvido pela terra, do que o bom navio fosse destru í do com toda a boa gente que o enche.
— Sossega, minha filha — disse Pr ó spero — , nenhum mal lhes suceder á : ordenei que pessoa alguma a bordo sofra o mais pequeno mal. O que fiz, fi-lo por tua causa, minha querida filha. Tu ignoras quem é s ou de onde vieste, e de mim apenas sabes que sou teu pai e vivo nesta pobre caverna. Lembras-te de alguma coisa antes de vires para aqui? Julgo que n ã o, pois quando para aqui vieste n ã o tinhas ainda tr ê s anos de idade.
— Julgo que sim, que me lembro, meu pai — replicou Miranda.
— Como? — perguntou Pr ó spero. — Por interm é dio de qualquer outra pessoa, em alguma outra casa? Diz-me de que é que tu te lembras, minha filha.
— Parece-me a recorda çã o de um sonho — disse Miranda. — Mas n ã o tinha eu em tempos quatro ou cinco mulheres ao meu servi ç o?
— Sim, tinhas, e at é mais — respondeu Pr ó spero. — Como é que isso ainda vive no teu esp í rito? Lembras-te da tua vinda para aqui?
— N ã o, senhor — disse Miranda — , de nada mais me lembro!
— H á doze anos, Miranda — prosseguiu Pr ó spero — , era eu duque de Mi

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