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E S Edição: Equipa das Bibliotecas Escolares Ano letivo 2013-2014 DO NOSSO AGRUPAMENTOJunho Nº 11 Agrupamento de Escolas de Seia vence Concurso Nacional Euroscola 2014 (ver pág. 12) Ser professor hoje (ver pág. 5) Até sempre, Escola (ver pág. 5) À conversa com a escritora Marta Teixeira Pinto, autora de «Portas Mágicas» (ver pág. 6 ) Equipa de Criativos da Eseia (ver pág. 7) Assim nascem os políticos de amanhã... Atividades das Bibliotecas Escolares (ver pág. 10) (ver pág. 8 e 9) Projeto «Ser mais, no voluntariado» (ver pág. 10) Ideias Serra da Estrela (ver pág. 12) Projeto Comenius «Nutrição e Ambiente» na Atividades de EMRCSardenha, Itália (ver pág. 13 e 14) (ver pág. 11) «Cerca de 75 milhões de crianças em todo o mundo continuam sem acesso ao ensino. Em Portugal, nove em cada cem portugueses continuam sem saber ler nem escrever, na maioria idosos e a viver no Interior. Ainda assim, previsões da Editorial UNESCO apontam para uma descida progressiva até 2015.» in www.publico.pt “O problema das férias é que elas acabam cedo demais” Quem tudo toma por garantido, em raras ocasiões atribui o devido valor às coisas. É uma estranha maneira de começar um texto sobre educação, mas mais adiante se Sidney Saymon perceberá a pertinência. Todos os dias vejo gente em todo o mundo a menosprezar a sua educação, tratando-a como lixo. Faltam às aulas, desrespeitam o ambiente escolar e Num ápice, o ano, predisposto a ser longo e desgastante, findou!
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08 juillet 2014

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E S Edição: Equipa das Bibliotecas Escolares Ano letivo 2013-2014 DO NOSSO AGRUPAMENTO Junho Nº 11
Agrupamento de Escolas de Seia vence Concurso Nacional Euroscola 2014
Ser professor hoje
Até sempre, Escola
(ver pág. 5)
(ver pág. 5)
À conversa com a escritora Marta Teixeira Pinto, autora de «Portas Mágicas»
(ver pág. 6 ) Equipa de Criativos da Eseia (ver pág. 7) Assim nascem os políticos de amanhã... (ver pág. 10) Projeto «Ser mais, no voluntariado» (ver pág. 10) Projeto Comenius «Nutrição e Ambiente» na Sardenha, Itália (ver pág. 11)
Atividades das Bibliotecas Escolares
Ideias Serra da Estrela
Atividades de EMRC
(ver pág. 12)
(ver pág. 8 e 9)
(ver pág. 12)
(ver pág. 13 e 14)
«Cerca de 75 milhões de crianças em todo o mundo continuam sem acesso ao ensino. Em Portugal, nove em cada cem portugueses continuam sem saber ler Editorial nem escrever, na maioria idosos e a viver no Interior. Ainda assim, previsões da UNESCO apontam para uma descida progressiva até 2015.» in www.publico.pt “O problema das férias é que elas acabam cedo demais”Quem tudo toma por garantido, em raras ocasiões atribui o devido valor às coisas. É uma estranha maneira de começar um texto sobre educação, mas mais adiante se Sidney Saymon perceberá a pertinência. Todos os dias vejo gente em todo o mundo a menosprezar a sua educação, tratando-a como lixo. Faltam às aulas, desrespeitam o ambiente escolar e Num ápice, o ano, predisposto a ser longo e desgastante, findou! mais ainda, mas que não vou aqui referir. Como o ser humano passa célere pelo tempo… Perdoe-se o radicalismo, mas esse tipo de pessoas enoja-me. Será que não pensam nos Foi durante este ano que presenciámos, disfóricos, um cenário conturbado nas nossas milhões de crianças que nunca poderão sequer ter essa oportunidade? Crianças, jovens, escolas, que nos tiraram mais um pouco do pouco que já tínhamos e que nos aliciaram com adultos do futuro que nunca terão a hipótese de perseguir essa procura de saídas grandíloquas e sonhos feéricos. Quase conseguiram despojar-nos do nosso talento, conhecimento, condenadas a ficarem confinadas a um pequeno e apertado mundo. É da nossa dignidade, dos nossos direitos e do nosso caminho. E, aqui estamos nós, mais uma triste. Entristece-me pensar na procura do conhecimento como a pedra basal da nossa vez, resistentes, vencedores, dignos de pisar o tapete que tentaram tirar-nos. Na realidade, breve passagem pela Terra e, ao mesmo tempo, saber que essa procura é um privilégio. deixámos para trás momentos sinuosos de certezas e incertezas cruéis, reagimos a atos Mas ainda mais me desola saber que há quem tenha acesso livre a toda essa pletora de desmedidos e fechámos os olhos a pensamentos desumanos. oportunidades e as desperdice como se nada fossem. Em países “desenvolvidos” como No entanto, agora, neste final de ano, tudo isto parece entorpecido num passado distante. o nosso, o ensino e o conhecimento são atirados para um canto. Tudo está Talvez porque urja fechar os olhos, deixar o espírito vaguear na quimera e pegar na família, correlacionado: os alunos não querem saber, parte dos professores não faz um mínimo nos amigos e divergir rumo ao calor, ao sossego, ao equilíbrio, ao merecido! esforço para dignificar a sua profissão, a sociedade fala mal de todos genericamente, Neste contexto, caro leitor, faz todo o sentido encontrar o repouso em si próprio, para, de sem conhecimento de causa. O barco afunda lentamente… seguida, o transmitir aos outros, seja onde for. Seria castrador, ficar amarrado a uma Mas nem tudo é mau. Alguns alunos remam contra a corrente, alguns professores não se enxurrada de leis, ameaças e premonições. rendem à sujidade do ensino e continuam a inspirar alunos a lutar pelo conhecimento e a Seja ousado, corajoso, irreverente e absorva o cheirinho do único verão que este ano lhe dá. ir mais além. Aparentemente, são uma frágil erva, mas que aguenta firme e perante os Além de ser único, tem pé ligeiro e asas de falcão-peregrino! ventos glaciais que a atacam incessantemente. A essas pessoas devemos o futuro, e é Por tudo isto, e por mais outras justificações casuais, inicie, desde já, as suas férias, devido a elas que acredito ainda no brilho do que está para vir. perspetivando momentos ímpares de relaxe e de boa disposição. O estio – porque efémero – é, sempre, um misto de “laissez faire, laissez passer” e de uma vontade desmarcada de tudo Francisco Santos, 12º A sentir e abraçar.Assim, envolva-se e reforce o seu sistema imunológico para as intempéries outonais. Este reforço também poderá advir da simples leitura deste jornal, eHoje em dia, para onde quer que olhemos, temos linhas de texto, rodeiam-nos, cercam-consequentemente da constatação de que a escola não se limita a transmitir informação, poisnos como alcateia pronta a nos atacar. Temos anúncios numa caixa mágica a que também forma cidadãos, promovendo boas práticas de aprendizagem e atitudes adequadas echamamos televisão, cartazes, jornais, redes invisíveis de informação que, responsáveis. Em torno dela existe uma dinâmica que ressalta da leitura deste jornal:magicamente, aparecem em computadores e em telemóveis, panfletos e outros inúmeros projetos e atividades foram levados a cabo, lançando a escola num patamar depedacinhos de papel impresso, letras após letras, palavras após palavras… Até para destaque, não só a nível local como também nacional.pedirmos um simples bilhete de comboio ou escolher o almoço através de uma ementa, Cumpriu-se o planificado. Venham as férias! Aproveite porque, não tarda, um novo ano letivoencontramos esses diabólicos caracteres. Caracteres aparentemente sem sentido, irrompe! imagensvazias para quem não teve o privilégio de aprender a sua descodificação; uma linguagem do outro mundo que usamos tão vulgarmente, aliás, que uso neste preciso A equipamomento para transmitir a minha mensagem. O que será que escondem? O que significam? Perguntará, deslumbrado, aquele que não sabe ler ou escrever. Pelo menos é assim que eu imagino. Mas que grande tormento! Um verdadeiro pesadelo! E esta é uma realidade realmente real para nove em cada cem portugueses, criada pala falta de acesso ao ensino. Uma tragédia de que muitos não se terão apercebido. Imagine ser incapaz de utilizar todas estas tecnologias recentes por A Leitura só é leituraestarem programadas nesta linguagem infernal visual, levando-o a um isolamento cada Se for,vez maior do mundo que o rodeia. Daquela que nos fascina,Nove em cada cem portugueses ainda não pôde aprender a ler e vive esse isolamento. Que é deleite e não tortura,Que a nova geração não tenha de passar pelo mesmo.Que saiba aproveitar a Que nos faz voar,oportunidade que lhes é oferecida para frequentar gratuitamente a escola. Que o Que nos mima,acesso nunca lhes seja dificultado. Que a educação salve as próximas gerações. Que nos dá um certo olhar, Que não tem dia, mês ou ano,Luís Miguel Fontes, 12º A Que nos incita a viajar Talvez ainda não existam defensores da teoria defendida pelos autodidatas: que o Que nos liberta do quotidiano ensino não deveria ser obrigatório, que o nosso conhecimento empírico bastaria para o Que nos ensina a amar, sucesso e realização pessoal. Eu não sou defensor de tal teoria. O Livro… Nem todos podemos ser José Saramago, um autodidata por força das circunstâncias. Como um Ser Vivo! Deixou a universidade por razões económicas, mas, ainda assim, aprendeu e estudou Que é o melhor remédio, ao longo da vida até ao aclamado Prémio Nobel. Se prestarmos bem atenção e falarmos Que é forma, mensagem, conteúdo, de prestígio e dinheiro, os cidadãos mais bem sucedidos são os letrados, os ambiciosos, Que nos liberta do tédio, os estudiosos e os que têm sentido de oportunidade. Estas virtudes não nascem E, naturalmente connosco; elas são-nos ensinadas, primeiro pelos outros e, apenas O melhor de Tudo, depois, pela nossa própria experiência. Eu quero dizer, e creio, que a nossa inteligência é É ler o que nos desafia uma virtude adquirida pelos nossos percursos na vida enquanto pupilos e não enquanto É LER …POESIA!!!! mestres. Olhando o mundo à nossa volta, observamos que os países mais desenvolvidos têm, em CT termos gerais, mais e melhor de tudo. Melhores condições de vida, maior percentagem de cidadãos licenciados, melhores sistemas de ensino e uma mais forte economia. O mundo gira e o tempo avança. Se não nos ensinassem aquilo que os nossos antepassados descobriram, talvez tivéssemos de o redescobrir outra vez, e o desenvolvimento entraria em estagnação. É o que nos faz avançar, o estudo e a aprendizagem. Ficha TécnicaOs países “subdesenvolvidos”, numa grande parte, limita-se à reprodução sexual, à sobrevivência e a um lazer rudimentar. Os sistemas de ensino são pobres e isso reflete-se nas sociedades e respetiva qualidade de vida. Penso, então, que as oportunidades de ensino não devem ser uma escolha, mas antes Responsáveis: Equipa das Bibliotecas Escolaresuma necessidade. O ensinamento e o gosto pelo saber abrirão portas a um saber melhor e mais avançado. Composição de textos: Comunidade Miguel Reis, 12º A Fotografia: Comunidade
Email: jornalvivencias@gmail.com
Web: http://www.aeseia.pt
Recolha de textos e organização: Carlos Teófilo, Célia Pina, Liliana Melo, Orlanda Moreira e Manuela Silva
Montagem e fotocomposição: Manuela Silva
Apoio técnico: Luís Pinto
Revisão de textos: Orlanda Moreira, Ana Cristina Vaz, Célia Pina e Liliana Melo
Tiragem: 500 exemplares
Impressão: Tipografia Central  RuaCesário Verde, nº1  ZonaIndustrial 2  3530-104Mangualde
Words of truth
Time to celebrate life Time to share and delight In each minute of the day There's always a place To discover A secret to unveil A laugh to catch The melody of silence True happiness lies here Itself in being part of this world My friends, the adventure has just begun. Mya Esteireiro
-2-
EM DESTAQUE
Vergílio Ferreira: filósofo, escritor, ensaísta, romancista e professor
Vergílio Ferreira nasceu em Melo, aldeia do concelho de Gouveia, uma pequena povoação na Beira Alta, Serra da Estrela, em 28 de janeiro de1916. Os seus pais, Josefa Ferreira e António Augusto Ferreira emigraram, em 1927, para o Canadá, em busca de uma vida melhor. Vergílio Ferreira ficou com os irmãos mais novos. Esta separação dolorosa descrita emNítido Nulomarcará o seu imaginário romanesco, assim como a neve – pano de fundo da infância e adolescência passadas na zona da Serra da Estrela. A sua primeira educação fê-la no Seminário do Fundão, onde entrou aos 12 anos,
permanecendo nesta casa religiosa durante seis anos. As experiências e vivências desses tempos, deixaram-lhe marcas profundas, de tal ordem que elas serão o tema central que o autor, mais tarde, ficcionalizará numa das suas obras mais conhecidasManhã SubmersaEm (1953). 1936, deixa o seminário e vai completar o Curso Liceal na cidade da Guarda. Entra p a r aa Fa c u l d a d ed eL e t r a sd a Universidade de Coimbra, onde, em 1940, se licenciou em Filologia Clássica. Sempre dedicado à escrita, um ano antes,1939, escreve o seu primeiro romanceO Caminho fica longe. Dois anos depois termina o estágio no liceu D. João III, nesta mesma cidade - Coimbra. Dedicou ao ensino toda a s u aa t i v i d a d ep r o f i s s i o n a l .É co m o professor do ensino secundário que
Elo Sabugueiro, povo agreste, Que se nutre do seu chão, Suor, suor nele investe Para pôr na boca o pão.
Ondeia ao vento a seara, Promessa, pão, esperança… Freme indolente a cigarra Indiferente à estranha dança.
percorrerá zonas tão distantes como: Faro, Bragança, Évora, Lisboa (liceu Camões). Pese embora a diversidade de sítios por onde andou, foi a cidade Alentejana, onde permaneceu 14 anos, que havia de ficar a p e r d u r a rp a r as e m p r e ,a f e t i v ae l e n d a r i a m e n t e ,n as u am e m ó r i a . Exemplarmente evocada emAparição(1959), ela é definida como a “cidade branca”, “cofre do tempo”, habitada pela “vertigem das eras”, onde se condensam “vozes seculares”. Escreveu em todos os lugares por onde ensinou, escreveu, inclusivamente, durante as férias que passava em Melo, como é exemplo,Onde Tudo Foi Morrendo que,posteriormente, publica, em Bragança (1944). Aqui escreve, ainda,Vagão Jque publica em 1946, ano e mq u es ec a s o uc o mR e g i n a Kasprzykowsky, professora polaca que se encontrava em Portugal, refugiada emda guerra e, com quem Vergílio Ferreira ficaria até à sua morte. Fez uma breve passagem pelo liceu de Gouveia, onde, aliás, escreveu o já referido e mundialmente conhecido romanceManhã Submersa. Fixou-se definitivamente em Lisboa, lecionando o resto da sua carreira no liceu Camões. Vergílio Ferreira reuniu em si diversas facetas, a de filósofo, a de escritor, a de ensaísta, a de romancista e a de professor. Foi, contudo, na escrita que mais se destacou. Toda a sua obra está impregnada de uma profunda preocupação ensaística. Este autor foi também um existencialista por natureza. A sua produção literária reflete uma séria preocupação com a vida e a cultura. Tecia reflexões constantes acerca do sentido da vida, sobre o mistério da existência, acerca do nascimento e da morte, enfim, acerca dos problemas da condição humana, como é disso um belo e profundo exemplo a obraAparição. Nela, como em outras obras de Vergílio Ferreira, percebem-se influências do existencialismo de Satre, de Marco Aurélio, Santo Agostinho, Pascal, Dostoievski, Jaspers, Kant e Heidegger. Os clássicos
Pão suado, abençoado, Negro, negro como a terra, Pelas águas torturado: Mártir anho nesta serra!
Te transformas pelo fogo Em penitência mortiça, Para haver em nós sossego Quando a fome se atiça…
Álvaro Passeira São Romão, 21/05/2014
gregos e latinos como Ésquilo, Sófocles e L u c r é c i o ,t a m b é ma s s u m i r a mu m a importância vital nos pensamentos deste escritor. No livroMito e Obsessãona Obra de Vergílio Ferreira, Eduardo Lourenço afirma que “faz parte que se considere Ve r g í l i oF e r r e i r an u m ap e r s p e c t i v a ideológica, como autor de ruptura e tentativa de superação e reformulação do ideário neo-realista; numa perspectiva metafísica, como romancista do existencial no sentido que ao termo foi dado pela temática chamada existencialista; e, finalmente, numa perspectiva simbólica, como romancista de uma espécie de niilismo criador ou, talvez melhor, do humanismo trágico ou tragédia humanista”. A sua vasta obra, geralmente dividida em ficção (romance, conto), ensaio e diário, costuma ser agrupada em dois períodos l i t e r á r i o s :o Ne o r r e a l i s m oe o E x i s t e n c i a l i s m o .C o n s i d e r a - s eq u e Mudançaa obra que marca a transição é e n t r eo sd o i sp e r í o d o sf é r t e i s . Considerando o Estilo da sua obra, poder-se-á dizer que alguns romances de Vergílio Ferreira não têm história, no sentido t r a d i c i o n a l .E mo u t r o s ,s e mq u ea l i n e a r i d a d ed oe n r e d os e j a escandalosamente afetada, há frequentes evocações do tempo passado feitas pela memória dos protagonistas. O narrador é, quase sempre, personagem da obra e é através da sua focalização que o mundo e
os problemas nos são apresentados e depois julgados. É no pensamento das personagens que o romancista se fixa detidamente, pouco lhe interessando o seu aspeto físico. Ve r g í l i oF e r r e i r ae v i t ao de s c r i t i v o objetivado, visto de fora pelo sujeito. Objeto e sujeito fundem-se na mesma vivência f e n o m e n o l ó g i c ae as s i ma sc o i s a s desenham-se em íntima comunhão com a emotividade das pessoas. Como facilmente se pode suspeitar, nestes romances f i l o s ó f i c o sa te n d ê n c i ai n q u i r i d o r a manifesta-se em interrogações constantes, a que correspondem largas tiradas de ensaísmo e lirismo, humor e ironia. Para o público de cultura só mediana a leitura de muitas páginas de Vergílio Ferreira não é fácil. As frases, às vezes, em enxurradas de assíndetos e polissíndetos, são incisivas, penetrantes, se bem que não muito preocupadas com a escolha do melhor vocábulo. São frequentes as que não têm verbo, denunciando assim uma atitude contemplativa perante o real imobilizado; e também aparecem outras truncadas, incompletas (o resto seria sem interesse), conotando cansaço.
INTROSPEÇÃO
Face à guerra: apenas a tentativa fatal, Uma memória, uma ponta desconexa, Não fico à espera, não sustenho a respiração, Uma bala, uma vida passa a ser anexa.
Trazem armas fixadas ao tejadilho, Pisam a terra sempre no mesmo trilho, Verdade desconhecida que não partilho, Anseio pela vida que tem mais brilho.
-3-
A perfeição do diálogo é assinalável. As imagens são de forte impressionismo, veja-se, no início deApariçãoforte poder o sinestésico, quando se insiste em dar à luz da Lua a claridade, fluidez e força purificadora da água:
“Uma luz quente de verão entra pela varanda… No chão da velha casa a água da lua fascina-me…A mancha da lua fosforece como o vapor de uma lenda. Um bafo quente sobe dessa água, sagra-me de silêncio como um dedo na fronte…A lua subiu ao céu quente, a sua água escorre-me agora pelo corpo. Lavo nela as minhas mãos e é como se me purificasse n u mt e m p oa n t e r i o rà vi d a ,n u m luminoso halo de coisas por nascerem”.
Após a morte do escritor, a Câmara Municipal de Gouveia e a Universidade de Évora criaram prémios literários em memória de Vergílio Ferreira. O espólio do escritor composto por prémios, livros e alguns objetos pessoais foi doado a Gouveia, concelho de onde Vergílio Ferreira era natural e estão em exposição na Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira. O seu espólio de originais manuscritos de quase todos os seus romances foi doado à Biblioteca Nacional. O seu nome continua atualmente associado à literatura através da atribuição do Prémio Vergílio Ferreira. Em 1992, foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e, no mesmo ano, galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário dos países da língua portuguesa. Registe-se, ainda, que, em 1980, o realizador Lauro António adapta, para o cinema, o romanceManhã Submersae Vergílio Ferreira interpreta um dos principais papéis, o de Reitor do Seminário, contracenando assim com outros grandes vultos da cena portuguesa, tais como: Eunice Muñoz, Canto e Castro, Jacinto Ramos e Carlos Wallenstein. Vergílio morreu no dia 1 de março de 1996, em sua casa, em Lisboa, na freguesia de Alvalade. O funeral foi realizado no cemitério de Melo, sua terra-natal e, a seu pedido, o caixão fora enterrado virado para a Serra da Estrela.
Bibliografia consultada:
Ferreira, Vergílio – Instituto Camões cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/1910j.html Ferreira, Vergílio in Wikipédia, a enciclopédia livre pt.wikipedia.org/wiki/. [consulta 08 junho 2014]. F e r r e i r a ,V e r g í l i o- Vi d ae ob r a vferreira.no.sapo.pt/main.html Barreiros, António José – História da Literatura Portuguesa. 2º volume. Séculos XIX-XX. 9ª edição, pp. 525-533. Bragança, António – Literatura Portuguesa. 3º volume.12.ª edição, pp. 443-448. Saraiva, António José; Lopes, Óscar – História da Literatura Portuguesa. PortoEditora. Verbo, Enciclopédia – Luso Brasileira de Cultura. Edição séc.XXI. 11.º volume, pp. 1193-1194.
Rosa Isabel Martins
Não sentem os sofrimentos da espera, Eternos como o fogo que ardera, Subúrbios do sol que a luz perdera, A paz humilde que não veio.
Haverá sempre uma escuridão dentro de mim, A realidade cai plausível sem fim, Gás lacrimogénio com cheiro a jasmim, Receio não poder viver assim.
Rodrigo Paredes, 10º B
Volunteer project-“Helping Education”
My project’s name is 'Helping Education' and it will hopefully take place in one of the locations that most needs it, that is the African continent. In fact, our main goal is to teach and help people from different countries as much as possible, in this continent that is so important to our world. With me, there will be nine other people that are willing to live and embrace this new and different adventure and I’m planning that it is going to last for one or two months. The working hours will be from 9 a.m. to 4 p.m. I will surely find some difficulties, like
O meu percurso de vida…
Nasci em Lisboa, no Hospital de Stª Maria, no dia 29 de Maio de 1998, num dia chuvoso, iniciando assim o meu percurso na estrada da vida. Frequentei o infantário das ‘Irmãs’ em São Romão até aos 5 anos de idade. Quando completei 6 anos, dei entrada na escola primária da ‘Ladeira’ da qual tenho b o a sr e c o r d a ç õ e s .F o iu m ae t a p a marcante. Adquiri conhecimentos, fiz novas amizades e realizei inúmeras experiências. A minha infância foi feliz. Para além das brincadeiras e traquinices, recordo-me dos valores transmitidos pelos meus pais, tais como a honestidade, a lealdade, a
OPINIÃO
convincing kids and other people to go andfollow my dreams, fight for what I believe MUSIC also get the necessary resources; this is veryin and make my dreams a reality. I love difficult, particularly in the time we are livingeverything about them. The music, the I picked up the headphones, because in. However, I think the benefits will make itlyrics, the story of the band, the meanings they remind me of music, and music worth… oftheir symbology… They make me feel means a lot to me. Music gives me so Seeing the happiness in the children’s facesas if I belong to something special, and much inspiration to be a better person and and learning more about my world will bethey have showed me that I should le itallows me escape the world around me priceless, and I also could show other peopbelieve in myself and for that I am very for a few moments. It’s so powerful! that whatever we do, if we do it with our heart,grateful. Listening to music is definitely an escape. it can definitely change the world!In conclusion, for me, music is not just Art, It‘s human. We’re always searching and Based on that, my current activity is planningit’s a way of life and a state of mind. Music trying to find a way to get out of ourselves. this teaching project and hoping it works.is a language and I grew up with that I like several bands like Arctic Monkeys, language. Joana Santos, 10AAlice in Chains, Queens of Stone Age, Red Hot Chili Peppers… but I have to say Diana Filipa Figueiredo, nº 7, 10º A Nota: Texto resultante de um “Projecto de that Thirty Seconds to Mars is my favorite Voluntariado” individual, com o objetivo de treinar a one, because I do love their music and,Nota: Texto resultante da diagnose no início do produção oral com carácter formal. ano letivo: produção escrita besides that, they taught me to be brave,
humildade e o respeito.imenso o apoio incondicional dos meussociedade em que vivemos, aliás abomino Após completar o ensino primário com umpais. Infelizmente, esta fase foi tambémq u a l q u e rt i p od ea r t i f i c i a l i d a d e se aproveitamento excelente, tive de mudarmarcada pelo aparecimento de alzheimer ef a l s i d a d e s .S ea sp e s s o a sn ã os e para a Escola Dr. Guilherme Correia deParkinson na minha avó materna, o quecentrassem na futilidade da imagem, o Carvalho, onde permaneci do 5º ao 9º ano.provocou em mim sentimentos de angústia,mundo, neste momento, não teria nem A mudança, no início, foi dolorosa: umatristeza e solidão, que ainda hoje mem e t a d ed o sp r o b l e m a s .N u n c ai r i a e s c o l am a i o r,m a i sp e s s o a s ,m a i sacompanham. concordarem fazer parte de todo o lixo que exigência a nível de estudos. Não tinhaEm 2013, terminei o 2º e 3º ciclos. Comoexiste e esta fogueira de vaidades cria necessidade de utilizar transportescomemoração, a escola organizou um bailehipócritas cujo cinismo é o único código. coletivos para me deslocar, mas tinha dede gala. Foi uma noite memorável paraApercebi-me também que nos piores comprar as senhas para o almoço, o quetodos os finalistas.momentos somos nós para nós mesmos, me tornou mais responsável e autónoma.Hoje, tenho 15 anos. Vou a caminho dos 16não se trata de proteção, muito menos de E r au m aó p t i m aa l u n a ,c o mu me frequento a Escola Secundária de Seia,isolação, mas sim da realidade. comportamento fantástico. Não foi difícilno curso de Artes. E agora deu-se entãoDito isto, só tenho a acrescentar que a vida criar amizades, dado que sou extrovertida,outra grande ‘reviravolta’ na minha vida,é uma aprendizagem, por isso não a mas confesso que foi difícil manter asprovavelmente a maior de todas; digamosdesperdicem, aprendam com ela! amizades da escola primária. Por outroq u ef o iu m ai n t r o s p e ç ã oe , lado, as amizades que criei no ciclo, muitassimultaneamente, uma extrospeção. SouJéssica delas ainda hoje conservo.uma rapariga completamente diferente de Neste período de mudança, valorizeihá um ano atrás. Não me rebaixo perante a
The European Citizenship through the English Classes
Nowadays, Europe is a huge union of different nations, cultures and religions. As European Citizens, we all must be able to communicate and share experiences and knowledge with the other peoples, and as an example we have Erasmus, and other exchange programs. Europe is now a multicultural society, in which every small part works with the same goal: the achievement of ONE Europe, where everyone is equal and the diversity is seen as something positive. This is the s t 2 1C e n tu rym a i ng o a lo fth eEu ro p e a n Citizenship. How do the English Classes connect with the European Citizenship? The English Classes are a space open to debate, where we discuss themes like the world of work, multiculturalism, consumerism, environment, technology and how it had brought the different communities closer. In all these topic areas, we t a l k e dt h ei m p o r t a n c eo ft h eE u r o p e a n
European citizenship
Citizenship as something we must make use of in order to spread our knowledge about the other cultures and gain experience to use in the future. As Europe is now working as one, the English language and the variety of vocabulary and knowledge about how the other European citizens live are truly important, and these are the kind of things we learn in the English Classes. This way, in the English Classes we are not limited to the learning of the English language. We also discuss and learn other things that will also be important for our future, such as the European Citizenship related themes. th Just as nowadays Europe, 11C is also a class where variety dominates. We all are one class, but each one of us has different beliefs, traditions and ways of thinking. From Ana Rita to Tanja, going through boys and girls of different ages, heights, weights and ways of dressing, we are a participative, a keen on learning class, in order to achieve our goal for the future, and be succeeded as young European Citizens.
João Sousa, as a 11thC student, June 2013
t h W ea r e11 Ac l a s s ,f r o m Agrupamento de Escolas de Seia and this is what we think about European citizenship:
Being a European citizen is not only one of the biggest privileges we have today, but also one of the greatest responsibilities. Belonging to the European Union brings us a feeling of unity and a sense of integration in a bigger community, Europe. We can not only travel inside the EU without restrictions and have the support of the other countries when our economy has fallen, but we can also count with all the other communities to hold our back whenever we're down. The easiest way to think about that is to imagine EU as a big family and all the c o u n t r i e sl i n k e db yb o u n d so f brotherhood. Although it's great belonging to that type of family, it's not a thing we gain
que me sinto feliz pelo espírito corajoso O sentimentoÉo maldito dinheiro d o sn o s s o sn a v e g a d o r e s ,p e l a Do egoísmo causador criatividade dos nossos escritores, patriótico – uma reflexão Que espalha pelo mundo inteiro músicos e outros artistas, pela visão dos A fome, o luto e a dor. nossos cientistas e pela personalidade acolhedora do nosso povo. É impossível não sentirmos qualquer tipo Se o dinheiro, esse vilão, Esta ligação é mesmo muito evidente. No de ligação ao nosso país e às nossas Do mundo fosse banido meu caso, obviamente, nunca naveguei. origens. Por mais que queiramos escapar, Acabaria, estou convencido Não sei o que é a vida num navio, nem certos genes estão em nós, genes esses A miséria e a opressão tenho os mínimos conhecimentos de que percorreram gerações e gerações de Findaria o mal então orientação no mar. Ainda assim, sempre nossos antepassados. Do povo nobre e obreiro que leio um poema, observo uma pintura Apesar de, na minha opinião, ser algo sem Que padece em cativeiro ou, até, escuto uma música sobre o mar, lógica nem fundamento alguém ter Vítima do usurpador sinto um aperto no estômago e um orgulho em ser português, há sempre uma Disto tudo o causador sentimento de pertença. Sempre que forte ligação. Sei que muita gente olharia É o maldito dinheiro. ouço algo derivado do fado, um arrepio c o md e s d é mp a r ae s t am i n h a percorre-me, apesar de não ter qualquer perspectiva, mas talvez eu possa elucidar. O dinheiro monstro sem par ligação emocional direta a esse tipo de Orgulho é algo que se sente quando o Que para traições serve bem música. superar de um objetivo ou um feito A Judas serviu também Por mais que alguém não queira, a nossa extraordinário nos causa satisfação e nos Para Cristo atraiçoar p á t r i ae s t a r ás e m p r ef o r t e m e n t e deixa realizados. Sendo assim, só nos Numa ceia O foi beijar enraizada (ancorada, no nosso caso) nas podemos sentir orgulhosos de algo que Jurando-lhe eterno amor, nossas mentes. Mas, atenção, não conseguimos através do esforço, não de Mas traiu o Salvador tenhamos orgulho em nós por ter cá algo com o qual já nascemos. Porém, é Vendendo-se por uns tostões nascido; tenhamos orgulho nela por ser o perfeitamente racional sentirmos orgulho Dinheiro anseio dos mandões que é. também pelos outros. Daí, proponho Do egoísmo o causador substituir o “Tenho orgulho em ser Francisco Santos, 12ºA português” pelo “Tenho orgulho no meu É soldado obediente país”. Parecendo que não, é totalmente Do rico, do usurário diferente. Esta última expressão mostra -4-
without any effort. As Spider Man once said, “with great power, comes great responsibility”. And that's what this is all about. Being an European citizen mainly requires a lot of citizenship and l o t so fa t t e m p t st om a k eo u r community better. Making part of this great family enabled us to know the projects Etwinning and Comenius. With these initiatives we can open our minds to share different cultures. We had already had virtual contact with the Germans, Spanish and Italians and we are very happy to get along with other European citizens from other countries. Maybe very soon, we will join and share all this knowledge and flavours. And, of course, that will be easier just because we are all European citizens, we are a family.
Francisco Santos, as a 11th A student, June 2013
Comparando-se ao corsário Que assassinava friamente Esse dinheiro repelente Que é do rico seu escudeiro Digo que ele é o primeiro Imagino da gente séria Pertence-lhe toda a miséria Que espalha pelo mundo inteiro.
Com cofres a abarrotar O grande capitalista Tem o seu fim sempre em vista A pobreza espezinhar Com o dinheiro vai comprar A honra e o pudor… Oiro vil, esmagador Traidor, maldito, perverso Que espalha pelo Universo A fome, o luto e a dor.
Jéssica, 10º F
OPINIÃO
relativamente aos conteúdos da matéria queque se tornou permanentemente necessária.todo, integrado) e "ecológica" (reconhecer a SER PROFESSOR HOJE se ensina; transformar o saber científico ouO que é, então, ser professor hoje? –“Serfundamental interdependência de todos os tecnológico em conteúdos formativos;professor hoje é viver intensamente o seufenómenos naturais), tanto como indivíduos selecionar e organizar conteúdos de acordotempo com consciência e sensibilidade. Nãoe como sociedade, todos nós estamos Educar e ensinar é transmitir ao aluno um com critérios lógicos e psicológicos ems ep o d ei m a g i n a ru mf u t u r op a r aa inseridosnum processo cíclico da natureza. conjunto de saberes, regras e normas de função das características dos alunos e dash u m a n i d a d es e me d u c a d o r e s .O sO sa l u n o se x p o s t o sa comportamento e despertá-lo para adquirir finalidades do ensino; utilizar métodos eeducadores, numa visão emancipadora, nãoexperiências/metodologias ecológicas, outros saberes e outras normas que lhe procedimentos de ensino específicos,s ót r a n s f o r m a ma in f o r m a ç ã oe mholísticas e de trabalho em grupo, numa permitam compreender o que se passa na inserindo-se numa estrutura organizacionalconhecimento e em consciência crítica, mase s c o l ap a u t a d an aé t i c a ,t r a n se sociedade, exerça uma profissão e esteja onde o professor participa das decisões etambém formam pessoas. Diante dos falsosinterdisciplinaridade, aberta à mudança e em preparado para se adaptar às mudanças que das ações coletivas. Por isso, para ensinar, op r e g a d o r e sd ap a l a v r a ,e l e ss ã oo sprol da formação contínua dos seus continuamente se operam na sociedade, professor necessita de conhecimentos everdadeirosamantes da sabedoriaprofissionais, poderão transformar-se, no, os particularmente nos dias de hoje onde a práticas que normalmente ultrapassam ofilósofos de que nos falava Sócrates. Elesfuturo, em cidadãos, que terão condições de inovação é a palavra do dia. campo de sua especialidade. Por outro lado,fazem fluir o saber não o dado, a informação,acrescentar mais à sua vida em termos de A maior riqueza de um professor é a sua é preciso levar em conta que todo o conteúdoo puro conhecimento – porque constroemprazer, crescimento emocional, respeito e responsabilidade na passagem dos vários do saber é resultado de um processo desentido para a vida das pessoas e para asabedoria. tipos de saberes e fazeres. Esta riqueza construção de conhecimento. Por isso,humanidade e buscam, juntos, um mundoA sociedade atual exige pessoas detentoras deve ser gerida com perícia, uma vez que o dominar conhecimentos não se referemais justo, mais produtivo e mais saudávelde tipos diferentes de criatividade, com c a m i n h oa se g u i ré um aa u t ê n t i c a apenas à apropriação de dados objetivosp a r at o d o s .P o ri s s oe l e ss ã otalentos variados, sobrepostos e mutáveis. encruzilhada de pensamentos, doutrinas e)(1). pré-elaborados, produtos prontos do saberimprescindíveis”(Gadotti M., 2003, p.17Por tudo o que se referiu é exigido, hoje, ao métodos. O professor, hoje, pode ser acumulado. Mais do que dominar osNo entanto, de que serve dominar oprofessor a capacidade de adaptação, entendido como um dos agentes de p r o d u t o s ,i n t e r e s s aq u eo sa l u n o sconhecimento, possuir a capacidade de oreestruturação, inovação e investigação em socialização da cultura juntamente com compreendam que estes são resultantes detransmitir se não se for capaz de fazertermos de metodologias e acima de tudo, o outras forças sociais (família, igreja, um processo de investigação humana.aprender? Isto porque após aprendido econhecer-se e formar-se de acordo com a imprensa e a própria sociedade). O trabalho Assim, trabalhar o conhecimento noapreendido, seja qual for o saber transmitido,imagem que a sociedade espera de si versus d o c e n t ee s t ái m p r e g n a d od e processo formativo dos alunos significao aluno estará em melhores condições para,a imagem percecionada pelos seus alunos. intencionalidade, pois visa a formação proceder à mediação entre os significadosde um modo independente e crítico,É necessário que no “teatro” da vida em humana através de conteúdos e habilidades do saber no mundo atual e aqueles dose m p r e g a re ge r i ra in f o r m a ç ã oe osociedade, no “palco” da Escola seja o de pensamento e ação, implicando escolhas, contextos nos quais foram produzidos. Serconhecimento obtidos. Assim, o professor“encenador”, “coreógrafo” e “ator principal”. valores e compromissos éticos. Assim, por professor hoje, não é nem mais difícil nemh o j et e md es e rc a p a zd e“ e n s i n a r,Resta saber se o professor de hoje está apto um lado, impõe-se considerar que a mais fácil do que era há algumas décadastrabalhando no social”.e tem vontade de interpretar vários papéis. atividade profissional do professor tem uma atrás. É diferente. Diante da velocidade comUma nova meta da Educação tem que ser natureza pedagógica, isto é, vincula-se a que a informação se desloca, envelhece ecomo pensar e não o que se pensa. Os Maria Margarida C.A.F. Amaral objetivos educativos de formação humana e morre, diante de um mundo em constanteprincipais problemas do nosso tempo não a pr o c e s s o sm e t o d o l ó g i c o se (1)Gadotti, M., (2003).Boniteza de um sonhomudança, o seu papel tem-se modificado,podem ser compreendidos isoladamente, o r g a n i z a c i o n a i sd et r a n s m i s s ã oe Ensinar e aprender com sentido.Disponível em senão na essencial tarefa de educar, pelomas vistos de forma interrelacionada e apropriação de saberes e modos de ação. http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/bonitez menos na tarefa de ensinar, de conduzir ainterdependente. A maneira de pensar No entanto, torna-se necessário que os a.pdf aprendizagem e na sua própria formaçãodeverá ser "holística" (ver o mundo como um r e f e r i d o so b j e t i v o ss e j a me x p l í c i t o s responsabilidade. Então posso afirmar que adisse“um bom professor é, decerto, uma boadiferença no estabelecimento de uma boa De uma nova aventura… minha profissão é insubstituível. É ela quepessoa. Justa, honesta, amante do saber erelação com os meus alunos para conseguir, torna as outras profissões possíveis. Masda verdade. Atenta à realidade que o cerca e,pela empatia, o seu envolvimento em todas esta profissão é plena de desafios, naespecialmente, à dos jovens e crianças aas atividades na e fora da sala de aulas. Todo Ninguém é tão grande que não possa medida em que a própria sociedade está emquem ensina, deverá ser capaz de seo aprender é dialogante, em vários sentidos. aprender, nem tão pequeno que não constante mutação.adaptar às circunstâncias e moldar a suaA condição dialogal é condição básica para o possa ensinar Para mim, e é isso que diariamente faço, oação”.professor. Penso que ninguém pode ensinar p r o f e s s o ré um at o rp r o f u n d a m e n t ePartindo da frase de Esopo, ser professor, nos e ma p r e n d e re ,a s s i m ,t e m o sa Esopo (620-560 a. C.) comprometido com a sociedade onde semeu entender, não se confina às paredes dasensibilidade para criar cumplicidades com a insere. Nesta perspetiva, os professoressala de aula, é um educador multifuncional e,turma. Ensinar é preparar para a vida. A escola atual é, fundamentalmente, uma convertem-se em verdadeiros criadorespor isso, uma profissão, cada vez mais,Termino com uma frase do Paulo Freire instância radicalmente social. A escola deve culturais, encontrando a melhor pedagogia,desgastante. Perante um problema, procuro“Gosto de ser gente porque, inacabado, sei estar ciente do seu papel na comunidade aquela que respeita as diferenças.resolvê-lo. Acredito que os alunos irão term a s ,q u ec o n d i c i o n a d os e ru ms o u onde está inserida. É fundamental a permuta Cito um provérbio chinês “o professor é aêxito e estou disposto a trabalhar com afincoconsciente do inacabamento, sei que posso com a comunidade/sociedade. Tudo se janela através da qual a criança vê o mundo”.por esse objetivo. Não construo imagensir mais além dele”. e s p e r ad ae s c o l a ;a t i r a r a ma Trata-se de ensinar ao aluno que asestereotipadas dos meus alunos.A profissão de professor não é fácil, mas é responsabilidade para cima dos ombros da realidades, por piores que sejam, podem eDiariamente, é esta a minha função, tento,uma classe essencial, que, apesar disso, instituição escolar e, consequentemente, os devem ser encaradas e, fundamentalmente,por todos os meios, aconselhar os meusn e ms e m p r et e ma va l o r i z a ç ã oe o professores têm de estar atentos, e têm de alteradas. O professor deverá transmitiralunos sobre o melhor caminho parareconhecimento público que lhe é merecido. agir a fenómenos vários, para além das v a l o r e sr e l a c i o n a i s ,s e n t i d oé t i c oe conseguiremprogredir. Sou uma pessoaÓtimas férias para os meus colegas matérias curriculares. As demais instituições responsabilidade. O conceito de boaotimista, com uma atitude positiva perante aDocentes, Não Docentes e Alunos. de socialização primária esperam que a cidadania é fundamental.vida, a quem os alunos apelidam“está na educação escolar ensine o essencial, ou Nos meus tempos de faculdade, numa aulaonda”. Victor Sousa seja, cultivar a humanidade. Educar as de literatura grega, o professor, já falecido,O ser bem-humorado pode fazer toda a novas gerações para a liberdade e para a muitas técnicas, para elaborar um trabalho ecurso de artes, olho para os três anos eque não é possível. Temos que seguir os Até sempre, Escola depois ser avaliado.passaram tão rápido...nossos caminhos e agarrarmo-nos ao futuro Passei para o 11º ano e continuei no mesmoCada ano tive professores diferentes ae ao emprego. No meu 10º ano vim para a Escolacurso e a gostar cada vez mais de artes. Façoalgumas disciplinas.O meu futuro vai ser trabalhar no restaurante Secundária de Seia, para o Curso de Serviçocoisas que nunca tinha experimentado eVindo para a Secundária tornei-me maisda minha terra, onde eu também gosto de de Mesa, só que o curso, por um aluno, nãocomeço a conhecer melhor os colegas daindependente de mim mesma e maiscozinhar e um dia ser uma grande chefe e abriu e tive que ir para o Curso de Artesturma. No início, eu não falava com ninguém,madura. Vejo a vida com outros olhos esurpreender muita gente. Também estou a Visuais. sentia-meenvergonhada, andava semprerelembro como foi bom andar três anos aquitirar a carta de condução, que é uma das No início, foi difícil adaptar-me, porque erasozinha. Nas horas em que não tinha aulas, ana escola.coisas que neste momento me faz falta. tudo novo para mim e não conhecia ninguémmaior parte das vezes, ia para a biblioteca,Eu espero que aqueles que vão entrar para oE assim me despeço dos meus três anos na turma.para o computador, não ia para junto dasano aproveitem bem o tempo de escola,aqui na Escola Secundária. Foi muito bom Eu não sabia o que era este curso de artes;pessoas. Maistarde é que comecei aporque a escola deixa saudades para a todaestar aqui eagradeço a todos os que me só passado algum tempo é que me apercebiintegrar-me com os colegas da turma,a vida e, além disso, também ficam asajudaram a chegar ao fim do 12º ano. que era um curso livre, onde a nossaprofessores e funcionários.nossas marcas.Com muitos beijos e abraços, imaginação e a criatividadevalem muito.Na Escola Secundária estou a realizarSe alguém vai ter saudades disto, esse Em artes, desenhamos a aprendemossonhos da vida, coisas que nunca pensei viralguém sou eu. Sandra Galvão, 12º E a fazer.Agora, estou a acabar o 12º ano doGostava muito de cá ficar mais um ano, só e de ter ficado praticamente esquecidotambém em Roma, pintando na capital doA exposição de obras de El Greco é a maior 2014, o ano d'O Grego d u r a n t eq u a s et r ê ss é c u l o sd e v e - s ecatolicismo várias obras que lhe deram famaatração de Toledo desde março, reunindo sobretudo a uma secundarização do artistai n t e r n a c i o n a le n t r eo sp r i n c i p a i sdezenas de pinturas oriundas de coleções O grande acontecimento artístico ibérico deem favor da figura maior da pinturaencomendadores de arte, os ricos decisoresdos maiores museus do mundo e de 2014 são as comemorações do 4º centenárioespanhola, Diego Velázquez (1599-1660),católicos. colecionadoresprivados assim como da morte de Doménikos Theotokópoulos, ouembora também seja evidente que o pintorEm 1577 foi para Madrid com o objetivo de sepinturas que nunca chegaram a sair de El Greco, pintor nascido na Grécia (Creta)emigrante teimava em sublinhar a suatornar pintor da corte do poderoso Filipe II.Toledo. No final da exposição, em junho, as em 1541. Conhecido principalmente pelaorigem assinando as obras com o nomeApós alguns dissabores artísticos, aceitouobras serão devolvidas aos seus atuais obra que produziu em Toledo desde 1577,original, difícil de pronunciar e de memorizar.um trabalho em Toledo, pintando obras-proprietários. exibida com merecido orgulho nos maioresA originalidade de El Grego reside no modoprimas como A Ascensão da Virgem (1579)A evocação de El Grego conta também com museus espanhóis e uma referência artísticacomo combinou aspetos da arte bizantina,ou A Santíssima Trindade (1579) e acaboua participação de artistas contemporâneos, na arte universal, El Greco só adquiriu famado renascimento e do maneirismo, umapor se fixar nesta cidade montando aí umachamados a criar peças artísticas para a intemporal no final do século XIX, quando foisensibilidade estética muito própria (queoficina de pintura em 1585. As obras-primasexposição “Toledo Contemporánea”, no redescoberto por pintores impressionistas ealguns estudiosos atribuem a doençasemblemáticas de El Grego foram pintadasCentro Cultural San Marcos, destacando a expressionistas que estudavam as obras deoftalmológicas) e a exploração criativa dosem Toledo, entre as quais O Espólio (1579) ebelíssima cidade histórica – e a Arte Ibérica – pintura clássica no Museu do Prado.limites das normas artísticas (cânones) emVista de Toledo (1612). Reconciliado com anos roteiros turísticos internacionais. Apesar de ter pintado para as elites do seuvigor nessa época. Viveu alguns anos emcorte espanhola, pintou o impressionante tempo, o facto de ser conhecido por O gregoVeneza, onde trabalhou com Ticiano equadro O Enterro do Conde de Orgaz (1588). Sérgio Reis -5-
ENTREVISTA
«Vivências» conversa com a escritora Marta Teixeira
Pinto, autora de «Portas Mágicas»
Marta Teixeira Pinto, a autora do romance de canta. Não são portas que se possam ver fantasia “Portas Mágicas”, nasceu em Lisboa, em ou palpar, mas dão acesso a um mundo 1974. onde o ar é doce e a vida acontece. Podem Desde muito cedo revelou grande apetência pela fechar-se, sim! Se muitas destas portas se leitura, especialmente por narrativas prodigiosas f e c h a r e mp o d e m o ss e n t i r - n o s onde o fantástico e o maravilhoso se entrelaçam «encurralados, sem saída, sem esperança, com o real. Também o interesse pela escrita criativa surgiu quando ainda era criança. Estessem alegria e quase sem vida (…) perdidos d o i si n t e r e s s e s ,l e i t u r ae es c r i t a ,t ã ona escuridão de um vazio sem fim» (p. 19). De acordo com a avó Helena, o segredo precocemente manifestados, terão sido a semente para a revelação a que assistimos está em abrirmos duas portas mágicas por quando lemos “Portas Mágicas”. cada uma que se nos fecha. «Este é e será Uma imaginação prodigiosa, através de uma sempre o melhor conselho que te poderei linguagem clara e expressiva, transporta-nos dar» (p.19), diz a avó a Sara. Qual o magicamente para um “outro mundo”, um mundo significado destas portas? Penso que cada cativante onde não faltam peripécias e muita aventura. O leitor fica preso ao enredo e éleitor lhes dará o seu próprio significado. subtilmente conduzido, de peripécia emPara mim significam amor, esperança e vida. peripécia, até ao termo da aventura. O pormenor e o visualismo descritivo existentes permitem-nos ver os espaços e as personagens em ação. J. V.: Quererá esta história dizer que o Lemos e apetece-nos continuar para vermos os crescimento implica sempre algum episódios seguintes. sofrimento? O que poderá aplacar esse “Portas Mágicas” foi o primeiro livro, o primeiro sofrimento? romance de fantasia e aventura escrito por uma muito jovem escritora de vinte e um anos. Foi publicado alguns anos mais tarde, a 15 deM. T. P.:Crescer significa mudar e os seres humanos, por definição, são resistentes à dezembro de 2012. Não será, por certo, o último e os leitores esperam ansiosos por mais aventuras. mudança (sobretudo as crianças e os jovens), por isso, sim, crescer implica Jornal Vivências:Quem é Marta Teixeira sempre algum sofrimento. A vida não é Pinto?imaginação prodigiosa e pelo seu sentidodepressa geminaram e ganharam vida em apenas um caminho linear, plano, seguro, mim. dehumor magnífico, e, sobretudo, Juliet solarengo; é também uma estrada repleta Marta Teixeira Pinto:Marillier, pela sua escrita sublime e pela suaQuem sou? Apenas d ec u r v a se co n t r a c u r v a s ,s u b i d a s uma pessoa que precisa de escrever paraJ. V.: Até que ponto misturar fantasia,c a p a c i d a d ed ec o n t o st r a n s f o r m a r extenuantes e descidas precipitantes, expressar o que de mais profundo existe emmagia e fantástico torna difícil a criaçãotradicionais em romances épicos. ventos e tempestades. Com cada novo si (as crenças, os valores, os sonhos, osde personagens e enredos credíveis? obstáculo aprendemos uma nova lição. desejos, os medos, as fantasias). Sinto-meJ. V.: Falemos agora sobre a sua obra Com cada nova barreira adquirimos uma grata e maravilhada quando descubro que oM. T. P.:já referi numa outra Como“Portas Mágicas”. Sara é a protagonista n o v ac o m p e t ê n c i a .O so f r i m e n t oé que escrevo tem interesse para outros!entrevista, criar personagens credíveis foie parece-nos ver nela um doloroso inevitável, mas a felicidade também! O ( eé ! )u m ad a sm i n h a sp r i n c i p a i screscimento. Ela cresce, mas à custa de importante é que nunca se perca a J. V.:Como e quando surgiu o gosto pelapreocupações. Gostaria que as minhasmuito sofrimento que a magia parece t e n a c i d a d ep a r aa pr o c u r a r escrita?personagens principais pudessem serq u e r e ré ,e n t ã o ,a c a l m a r.Q u a lo incessantemente, pois é assim que se «pessoas» com as quais os leitores sesignificado da magia na evolução de aplaca o sofrimento. M. T. P.:O meu gosto pela escrita surgiuidentificassem e empatizassem, nas quaisSara? quando era criança, no quarto ano dopudessem encontrar bons modelos e J. V.: O que a motivou a escrever um livro primeiro ciclo. Tinha uma professora queinspiração, sobretudo os mais jovens. ParaM. T. P.: Excelentepergunta! A magia desta natureza, cheio de magia e para n o sp e d i ad u a st a r e f a ss e m a n a i scriá-las tive, em primeiro lugar, de pensarrepresenta tudo o que há de bom e de puro adolescentes? relacionadas com a leitura e a escrita: umanas pessoas que eu própria gostaria de ter aem nós: a nossa capacidade para amar sem meu lado nos momentos mais difíceis elimites, para criar relações significativas nas M. T. P.:Se há pessoas que poderão desafiadores e, em segundo lugar, denossas vidas, para enfrentar os medos e as beneficiar das mensagens que pretendo i n s p i r a r - m en o sm e u sa m i g o se dúvidascom coragem, para lutar pelos transmitir, essas pessoas são as crianças e familiares mais próximos. Com estasnossos sonhos, para pôr em prática os os adolescentes. Porquê? Porque são duas «ajudas», acabou por não sernossos valores, para dar vida aos nossos capazes de vestir este meu mundo mágico muito difícil.ideais. A magia é o que permite a Sara como uma segunda pele e beneficiar de Quanto ao enredo, gostaria que fosseperceber que a palavra «crise» também tudo o que ele tem para oferecer. Porque suficientemente crível para conseguirs i g n i f i c a« o p o r t u n i d a d e » ,e qu ea s estão numa fase em que todos os caminhos «transportar» os leitores para a ação doo p o r t u n i d a d e ss óp o d e r ã os e rb e m são possíveis e em que as boas escolhas meu mundo de fantasia e torná-lo seu.aproveitadas se as abordar com todo o seu conduzirão a vidas mais felizes e realizadas Na altura, não posso dizer que tenhaempenho, todo o seu esforço, toda a sua (e este livro pretende ser uma espécie de sido muito complicado, talvez por eudedicação. A magia é o que permite a Sara mapa). Porque têm em si tudo o que é própria ser muito jovem, por estar acrescer sem deixar de ser criança, assumir necessário para acompanhar esta aventura fervilhar de histórias por contar e porresponsabilidades sem deixar de sonhar, (amizade, coragem e magia) e não vestir este meu mundo fantástico comoenfrentar a realidade sem esquecer a necessitam de bagagem adicional. uma segunda pele.fantasia, e ser o que esperam dela sendo ela própria. J. V.: Projetos para o futuro? J .V . :Q u ea u t o r e sm a i sa influenciam? Porquê?J .V. :C o mS a r a ,h a v e r áa l g u m a M. T. P.:de concluir a saga das Gostaria mensagem dirigida aos milhares de Portas Mágicasem princípio, será (que, M. T. P.:Na altura em que escreviPortasadolescentes que, como ela, tiverem de uma trilogia) e desenvolver outros projetos Mágicas, teria de dizer que os autoresenfrentar um divórcio dos pais? Que que tenho na manga. Todos eles prometem de fantasia e fantasia histórica que maismensagem? ter muita magia! me marcaram foram J.R.R. Tolkien, por s e ro me s t r ed of a n t á s t i c op o rM .T. P.: Sc l a r a m e n t eu m ai m ,h á J. V.: Que conselhos dá a quem pretende excelência, C.S. Lewis, por ter tido amensagem. A mensagem é a de que os pais seguir o mesmo género literário? ideia de transportar os seus jovens ese divorciam um do outro e não dos seus atribulados protagonistas para umfilhos. Algumas situações, ainda que não era escolher e decorar um poemaM. T. P.: Comojá referi numa outra mundo mágico de beleza inebriante, etivessem sido planeadas nem desejadas (que teríamos de declamar perante a turma)entrevista, os conselhos que posso dar aos Marion Zimmer Bradley, pela formapelos intervenientes, levam-nos a descobrir e a outra era escrever uma pequena históriaoutros são os que dou a mim própria: não apaixonante como pegou em mitos e lendasnovas formas de estar na vida, novas (que teríamos de ler à turma). Antes disso,desistir (mesmo quando não obtemos de sempre e os contou do ponto de vista dasmaneiras de se relacionarem com quem recordo-me que os momentos que maisrespostas), acreditar (que somos capazes), s u a si n e s q u e c í v e i sp e r s o n a g e n slhes é mais significativo sem que, por isso, apreciava na escola eram as sessõescontinuar a escrever (ainda que mais f e m i n i n a s .F u it a m b é mb a s t a n t edeixem de ser pessoas felizes e realizadas. semanais com o bibliotecário, que nos lianinguém pareça interessar-se pelo que influenciada por Antoine de Saint-Exupéry e h i s t ó r i a se no sr e v e l a v ap e q u e n a sescrevemos), arriscar (porque ouvir um pelo seu fabulosoPrincipezinhoainda eJ. V.: “Portas Mágicas” parece-me ser curiosidades sobre os livros, e as minhas«não» não é o fim do mundo), continuar a pelos contos que a nossa querida Sophia deportas que só se abrem e nunca se próprias idas à biblioteca nos intervalos earriscar (porque há sempre a possibilidade Mello Breyner Andresen escreveu para osfecham. Qual o significado destas nos tempos livres. Adorava visitar aquelede ouvir um «sim») e, acima de tudo, LER, seus filhos e que têm inspirado muitasportas? universo de prateleiras gigantes, onde meLER, LER. g e r a ç õ e sd el e i t o r e sd e s d ea su a perdia entre as centenas de livros, me publicação (sendo os meus preferidosAM. T. P.:Segundo a personagem da avó sentava a folhear as suas páginas, meJ. V.:Obrigado pela disponibilidade. Menina do Mar,O Rapaz de Bronze eAHelena, as portas mágicas são aquelas que deleitava a aspirar o seu odor a papel Fada Oriana). Atualmente, não poderiase abrem cada vez que se aprende algo de impresso, e me deixava levar pelas9º A deixar de referir J.K. Rowling, pela suabom, que se fica feliz, que se ri e que se miríades de imagens, palavras e ideias que -6-
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