Loving Clarke
234 pages
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Description

Apresentação do editor: Isolamento, rejeição, mutismo, incapacidade de fazer amigos, inaptidão, hiperatividade, procrastinação, perfeccionismo, ansiedade, hipersensibilidade ... São muitas as palavras que por vezes rimam com autismo, criança atípica, alto potencial, asperger ... Palavras que não têm realmente qualquer utilidade, quando se sofre com o relacionamento com os outros, com a incapacidade de ver o mundo como todas as outras pessoas, invadido por emoções que ninguém consegue compreender, nem mesmo aqueles que sofrem disso. “Por que ela é tão estranha?” “Por que ela não fala com ninguém?” “Por que ela permanece sozinha?” “Por que ela não tem um amigo?” “Por que ela lê dessa forma?”” Por que ela se fecha?” “Qual é o problema dela?” São perguntas, juízos de valor, que são acima de tudo observações, de um meio social que não conhece ou não compreende as particularidades de um espírito dito "atípico". Assim, encontrar o amor quando alguém é diferente parece improvável, até mesmo impossível. Por outro lado, nós não procuramos o amor, ele é que nos encontra! Neste romance fictício, nesta fase da sua vida, Kyrian Malone confia-lhe uma parte de si mesma, as suas peculiaridades e diferenças que ela considera, hoje em dia, o seu bem mais precioso.


Resumo da obra: Clarke Nollan, de 17 anos, regressa ao liceu de Providence, na Califórnia. Clarke é mentalmente diferente e as suas inúmeras consultas antecedem-se, em vários consultórios psiquiátricos de Providence, tanto junto dos seus colegas como dos seus professores. Mergulhada no seu imaginário, a sua perceção do mundo real é distorcida, traduzida pelos seus filtros emocionais. Como as suas reações e os seus pensamentos são incompreendidos, Clarke é incorretamente diagnosticada e submetida a tratamentos inadequados. Considerada bipolar, lunática e esquizofrénica por especialistas incompetentes, o seu “eu” é profundamente reprimido dentro dela, anulado com medicamentos inúteis. Mesmo assim, ao chegar ao liceu de Providence, Clarke espera que as coisas mudem para ela. Há a jovem Alycia Chase e a sua professora de letras, Regina Queen, que são as únicas pessoas capazes de compreendê-la ... Nesta obra de ficção inspirada no seu próprio percurso, Kyrian Malone evidencia as dificuldades encontradas pelas mulheres diagnosticadas incorretamente com a síndrome de Asperger.

Sujets

Informations

Publié par
Date de parution 03 février 2020
Nombre de lectures 0
EAN13 9780244559052
Langue Português
Poids de l'ouvrage 2 Mo

Informations légales : prix de location à la page 0,0037€. Cette information est donnée uniquement à titre indicatif conformément à la législation en vigueur.

Extrait

Loving
CLARKE
 
 
 
 
 
Kyrian Malone
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos de autor © 2020 STEDITIONS
 

Abordagem aos capítulos
 
 
Nota da autora
Prefácio
Capítulo 1 : Doida varrida
Capítulo 2 : Regresso às aulas
Capítulo 3 : Rotina
Capítulo 4 : Segredos, mensagens e verdades
Capítulo 5 : Tal mãe, tal filha!
Capítulo : Papel amarrotado
Capítulo 7 : O que somos
Capítulo 8 : Liberdade
Capítulo 9 : Moral
Capítulo 10 : Dever
Epílogo 1
Epílogo 2
Epílogo 3
Epílogo 4
Nota final
Bibliografia

 
Nota da autora  
 
Já há muitos anos que eu pretendia escrever um livro que abordasse a questão do autismo, mais especificamente a síndrome de Asperger nas mulheres. Hesitei em escrever um documentário ou um livro de ficção. Para escrever ficção, o que é que me faltava? O tema certo, o enredo certo, a estrutura psicológica das personagens fortes que girariam em torno das minhas heroínas, etc.
Depois de anos de reflexão, demorou menos de dois anos para a história surgir no meu imaginário ... Em apenas quinze dias cheguei à conclusão final, depois de um extenso trabalho de revisão, num primeiro rascunho incoerente, mas de emoções genuínas. Desisti da ideia de escrever um livro de não-ficção, documental ou autobiográfico, porque já existem livros excelentes, escritos por profissionais na matéria ou por pessoas que sabem falar de si mesmas, algo que sou incapaz de fazer, para além de um curto prefácio ou de algumas referências subtis, no que diz respeito a fatos sucintos.
Esta síndrome, ainda pouco conhecida e pouco estudada nas mulheres, tem sido tema de inúmeros livros, poderá encontrar uma pequena lista no final deste novo romance. É uma ficção que, espero que o ajude a descontrair e o informe um pouco mais sobre esta minha característica particular. Poderá, por vezes, apresentar-se fria, distante, sem emoção, severa, brutal. Uma particularidade que é cada vez mais discutida e que também se apresenta junto das pessoas que me rodeiam, dos autores e, por vezes, mesmo dos leitores. A ciência ainda não descobriu tudo sobre esta síndrome chamada elegantemente de: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Aproveito este pequeno discurso para agradecer à minha doce cara-metade, sem ela eu jamais compreenderia que as minhas diferenças são também a minha riqueza. É evidente que agradeço à minha mãe que me apoiou de forma inabalável desde a minha tenra infância. Onde as pessoas viam uma anormalidade, uma criança atrasada, ela procurou ir mais longe, procurou ir além do conselho dos pseudo-educadores e dos professores mal informados (privados da psicologia) para receber, após uma infinidade de testes, o que os especialistas finalmente, lhe mostraram como verdade: uma criança que se encontra aborrecida na escola ou que apresenta sinais de insucesso escolar, pode indicar exatamente o oposto de um simples "atrasado mental". Minha querida mãe, obrigada por me brindares com estes dons que são a escrita, a criatividade, a facilidade de autoaprendizagem. Obrigada pela tua paciência, pela tua confiança, o teu apoio e a tua dedicação inabaláveis. Obrigada pelos livros maravilhosos que entregastes nas minhas mãos. Obrigada pela tua cultura sem limites, obrigada por me orientares na descoberta pela música clássica, a pintura, a natureza ... e, o mais importante, obrigada pela tonelada de Legos que me comprastes quando eu era criança!
O que muitos consideraram um fracasso é, hoje em dia, o mais precioso dos tesouros: o meu imaginário ...
Desejo-vos uma agradável leitura ...
 
Kyrian Malone  

Dedicado a:
àquele 1% de pessoas que se parecem connosco ...
 
 
 
Prefácio
 
~
 
O cemitério de Riverdale , na pequena cidade de Providence , parecia-se com todos os outros cemitérios que Clarke visitara: escuro, húmido, assustador para qualquer um que se aventurasse sozinho naqueles lugares pouco convidativos. Mas ela gostava de passear à noite e saía de casa sem ter permissão para lá ir e assim combater as suas insónias irritantes. De dia, o cemitério de Riverdale era muito diferente. Poderíamos encontrar pessoas que vinham rezar e chorar nos túmulos, mas essencialmente não desconfiávamos do ruído vindo da floresta do Parque Cortland , que fazia fronteira com o cemitério a norte e a leste. Era essa floresta em particular que fazia toda a diferença e proporcionava a esse cemitério o ambiente assustador que o caracterizava. À noite, caía uma ligeira neblina. Podiam-se avistar frequentemente alguns morcegos voando em círculos por cima do fogo-fátuo, uma manifestação luminosa com a aparência de pequenas chamas, há muito considerada como a manifestação esotérica de fantasmas, de almas penadas que regressavam de entre os mortos para assombrar os vivos.
E assim Clarke ia dar um passeio, sentava-se sob os jazigos e desenhava. O desenho era o que lhe dava prazer, o que a fazia distanciar-se de certas realidades. Ela tinha essa rara capacidade de reproduzir o que via, mas também de reproduzir o que imaginava. A sua memória, quase fotográfica, permitia-lhe reproduzir tudo o que quisesse no seu caderno de rascunhos, nomeadamente a sua obsessão tão especial, inteiramente dedicada às criaturas fantásticas saídas diretamente das histórias e dos livros que ela devorava todas as noites. Clarke acreditava que contestar certos fatos não significava que estes eram irreais, ou que negar algo, não impedia a sua real existência. Por essa razão, Clarke imaginava que tudo era possível. Ia ao cemitério de Riverdale para passear, pois gostava de caminhar. O que a ajudava a meditar, a soltar as rédeas da sua imaginação. Era bem possível que certo dia, o véu entre as duas dimensões se rompesse e o seu triste planeta fosse invadido por monstros de um mundo paralelo. O famoso físico e teórico Stephen Hawking, que faleceu em março de 2018, evocara teorias assustadoras e fascinantes sobre a possibilidade de existirem universos paralelos criados pelo Big Bang. Se apenas um deles colidisse com a terra ou se uma porta, mesmo que pequena, se abrisse entre o seu mundo e um outro, então nada mais seria igual...
Mergulhada nos seus pensamentos, Clarke não reparou no casal que estava sentado sob a penumbra de um jazigo. Gravado numa pedra por cima deles estava escrito: família Lewis. O jovem, com os braços hirtos ao longo do corpo e apoiado nas duas mãos, balançava lentamente os pés no ar, roçando nos pequenos arbustos plantados ao longo da parede. Com a cabeça ligeiramente inclinada, ele observava a jovem loira que passava sem olhar para eles e que se afastava, impassível, certamente perdida nos seus pensamentos.
- Não acredito. A doida varrida passa por nós e nem sequer nos vê! Mas o que andará ela aqui a fazer?
- Queres mesmo falar dela aqui?
O Scott sabia o motivo pelo qual a sua namorada parecia tensa. Ela sofrera um grave acidente por causa de Clarke Nollan. Esta tinha-a atropelado seis meses antes, um acidente sobre o qual Alycia nunca falava.
- Desculpa lá… disse ele.
O Scott inclina-se, salta e pisa um pequeno arbusto enquanto se volta para Alycia ...
- Sabes que mais? Vou acertar contas com ela.
- Pára Scott … Deixa pra lá. A mãe dela é ainda mais maluca do que ela. Se atacares a filha dela, ela não hesitará em se vingar.
Este último olha para a sua namorada:
- Tens medo dela ou quê?
Alycia, com os olhos fixos na silhueta que desaparecia, respondeu num tom sério:
- Claro que não, não tem nada a haver, mas temos mesmo outra coisa para fazer e, depois, eu tenho que ir para casa. Amanhã de manhã levanto-me cedo para ir trabalhar. Anda…vamos embora.
 
 
 
Capítulo 1 : Doida varrida
 
~
 
- Dezoito, cinco, oito, cinquenta, noventa e nove, três, onze, seiscentos e sessenta e três, oitocentos e sessenta e quatro ...
Clarke murmurava estes números para tentar acalmar-se. Estava sentada em frente ao doutor Tipple, um psicólogo recomendado pelo seu pai Hank, que não via desde as férias de verão do ano passado. Ele tinha ido embora no início dos seus doze anos, um acontecimento perturbador que Clarke enfrentara sem maiores dificuldades, melhor do que a sua mãe Emma, sem dúvida alguma.
Naquele momento, o que a perturbava era bem diferente do divórcio dos seus pais: ela detestava aquele gabinete, onde era obrigada a comparecer uma vez por semana, já há seis meses. O odor do sofá, tratado com um produto químico para proteger a pele, provocava-lhe náuseas, tanto quanto a cor esverdeada das paredes. Clarke olhava para as suas unhas, tinha de limar uma delas, antes que esta se quebrasse. Estava a tentar concentrar-se no pequeno ruído, o do fluxo de água no aquário perto da janela, onde um belo betta azul e vermelho deixava as suas barbatanas graciosas orientá-lo numa dança solitária e singularmente hipnótica.

-  Sabe por que motivo está aqui, não sabe Clarke?
Clarke sabia.
- Eu venho todas as sextas-feiras. - afirmou ela.
- De facto, mas existe ainda um outro motivo e eu gostaria que o discutíssemos.
Tinha havido um ligeiro incidente no centro comercial de Providence. Clarke tinha saído sem pagar, simplesmente porque se esquecera de o fazer.
- Dezoito, cinco, oito, cinquenta, noventa e nove, três, onze, seiscentos e sessenta e três, oitocentos e sessenta e quatro ...
Ela faz um esforço para se acalmar, encosta bem as costas no sofá e olha para o doutor Tipple pelo canto do olho. Não pôde deixar de reparar nas pequenas imperfeições do seu rosto pouco simpático e principalmente na enorme verruga fincada perto do nariz achatado, que acumulava uma infinidade de pontos negros. A sua careca suava por causa do ar-condicionado avariado. Ele cheirava a suor e podiam ver-se manchas escuras por baixo dos braços, sempre que ajustava os óculos redondos com os seus dedinhos gordinhos.
- Eu não roubei aquele lápis preto. - repetia el

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