Dos ecos do turismo aos ecos da paisagem: análises das tendências do ecoturismo e a percepção de suas paisagens
15 pages
Português

Découvre YouScribe en t'inscrivant gratuitement

Je m'inscris

Dos ecos do turismo aos ecos da paisagem: análises das tendências do ecoturismo e a percepção de suas paisagens

-

Découvre YouScribe en t'inscrivant gratuitement

Je m'inscris
Obtenez un accès à la bibliothèque pour le consulter en ligne
En savoir plus
15 pages
Português
Obtenez un accès à la bibliothèque pour le consulter en ligne
En savoir plus

Description

Resumen
O presente artigo propõe a revisão das tendências para a prática do ecoturismo na bibliografia especializada. Através também da pesquisa em sites de hotéis e operadoras da área buscou-se complementar e verificar na prática a concretização dessas tendências. Procurou-se através da pesquisa de campo definir se o ecoturismo poderia ser encarado em si mesmo como uma tendência ou se seria possível defini-lo como uma tendência que possibilita o atendimento de algumas necessidades básicas do ser humano, como contato com a natureza, sua contemplação e a necessidade do lúdico através da idéia de aventura. Assim, analisou-se a percepção do público jovem (maior consumidor de ecoturismo) a respeito das paisagens e as relações dessas percepções com os temas: ecoturismo, contemplação, lazer e aventura.
Abstract
The present article considers the revision of the trends for the practical one of the ecoturismo in the specialized bibliography. Through also the research in sites of hotels and operators of the area one searched to complement and to verify in the practical a concretion of these trends. It was looked through the field research to define if the ecoturismo could exactly be faced in itself as a trend or if it would be possible define it as a trend that makes possible the attendance of some basic necessities of the human being, as contact with the nature, its contemplation and the necessity of the playful one through the adventure idea. Thus, it was analyzed perception of the young public (bigger consumer of ecoturismo) regarding the landscapes and the relations of these perceptions with the subjects: ecoturismo, contemplation, leisure and adventure.

Sujets

Informations

Publié par
Publié le 01 janvier 2007
Nombre de lectures 51
Langue Português

Extrait



Vol. 5 Nº2 págs. 209-223. 2007

www.pasosonline.org


Dos ecos do turismo aos ecos da paisagem: análises das tendências do
ecoturismo e a percepção de suas paisagens

Fernanda Beraldo Maciel Leme

Sandro Campos Neves
Universidade Estadual de Santa Cruz (Brasil)


Resumo: O presente artigo propõe a revisão das tendências para a prática do ecoturismo na bibliografia
especializada. Através também da pesquisa em sites de hotéis e operadoras da área buscou-se comple-
mentar e verificar na prática a concretização dessas tendências. Procurou-se através da pesquisa de cam-
po definir se o ecoturismo poderia ser encarado em si mesmo como uma tendência ou se seria possível
defini-lo como uma tendência que possibilita o atendimento de algumas necessidades básicas do ser
humano, como contato com a natureza, sua contemplação e a necessidade do lúdico através da idéia de
aventura. Assim, analisou-se a percepção do público jovem (maior consumidor de ecoturismo) a respeito
das paisagens e as relações dessas percepções com os temas: ecoturismo, contemplação, lazer e aventura.

Palavras chave: Naturaza; Lazer; Contemplação; Ecoturismo; Percepção.


Abstract: The present article considers the revision of the trends for the practical one of the ecoturismo
in the specialized bibliography. Through also the research in sites of hotels and operators of the area one
searched to complement and to verify in the practical a concretion of these trends. It was looked through
the field research to define if the ecoturismo could exactly be faced in itself as a trend or if it would be
possible define it as a trend that makes possible the attendance of some basic necessities of the human
being, as contact with the nature, its contemplation and the necessity of the playful one through the ad-
venture idea. Thus, it was analyzed perception of the young public (bigger consumer of ecoturismo)
regarding the landscapes and the relations of these perceptions with the subjects: ecoturismo, contempla-
tion, leisure and adventure.

Keywords: Nature; Leisure; Contemplation; Ecoturismo; Perception.




† • Fernanda Beraldo Maciel Leme y Sandro Campos Neves. Mestrandos em Cultura e Turismo pela Universidade
Estadual de Santa Cruz (UESC)-Ilhéus-BA. Bolsistas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia . E-
mail: fermaciel@ig.com.br -- E-mail: sandrocamposneves@yahoo.com.br
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121 210 Dos ecos do turismo aos ecos da paisagem ...

Introdução duas vertentes acima mencionadas, pode
ou não contribuir para a sensibilização
Esse artigo tem como objetivo analisar dos turistas em relação à preservação dos
as tendências referentes a relações esta- espaços naturais. Esse questionamento
belecidas entre lazer, contemplação e parece fundamental já que apesar de ter
aventura no turismo de natureza. em sua definição propostas preservacio-
Definir tendências, como defendido por nistas, o ecoturismo se apresenta como
Leony (2002: 122), “é uma atitude perigo- uma prática de “venda” do meio para con-
sa e corajosa ao mesmo tempo, mas é fun- sumidores que não se contentam em con-
damental para basear novos estudos, e templar o meio, querendo sim, mais horas
elaborar os projetos de planejamentos, de lazer e aventura.
ordenamentos e gestões. Percebe-las e
defini-las é compor um imenso quebra- Tendências do turismo na pós-
cabeça de peças espalhadas por todos os modernidade: os paradoxos.
espaços e em todos tempos”.
Sendo assim, reunir e analisar Como mencionado por Morin e Prigo-
tendências apontadas por diversos auto- gine (1996), a pós-modernidade se carac-
res como Ruchmann (2002) em relação ao teriza pelo imediatismo das ações acorri-
ecoturismo e suas implicações parece ser das devido à lógica dominante da rentabi-
importante para se possa avançar na teo- lidade a curto prazo, fruto das técnicas
ria e na prática desse segmento. financeiras do mercado. Priorizando essas
Além da revisão bibliográfica a respei- exigências imediatistas do mercado, os
to de tendências, serão levantados dados cidadãos não conseguem visualizar em
primários da preferência atual dos jovens que prazo suas necessidades serão aten-
por paisagens propícias ao ecoturismo e didas. Muitas vezes prioriza-se o merca-
os sentimentos, expectativas e lembran- do, pois os investimentos em seus setores
ças, ou seja, a percepção que essas paisa- tem retorno a curto prazo, já investimen-
gens provocam e acabam por estimular o tos sociais como na educação, são sentidos
ecoturismo. Foram entrevistados 100 à longo prazo, exigindo muitas vezes ma-
jovens (entre 18 e 25 anos) da Universi- nutenção constante. Com as medidas to-
dade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus – madas visando o imediato, o mercado se
BA). A amostragem foi definida por beneficia gerando crescimento da econo-
exaustão, sendo que inicialmente seriam mia, no entanto, cidadãos são excluídos
entrevistados 60 jovens (1% do universo), devido a fatores como a falta de emprego.
mas, devido à disponibilidade, pode-se O que ocorre, é que os benefícios da
chegar ao número de 100 entrevistados. A chamada pós-modernidade não vieram
escolha por jovens universitários se deveu para todos e sim, apenas para os que do-
ao fato de ser um público propenso à via- minam os mercados ou que deles podem
gens de ecoturismo (incluindo nelas a participar. Se questões sociais, como em-
prática de esportes radicais e contem- prego, são colocadas em segundo plano
plação da natureza) como constatado por como citado por Morin e Prigogine (Op.
Ruchmann (2003). Cit.) para os que são excluídos dos benefí-
Posteriormente será discutido se esta cios da pós-modernidade, como seria pos-
preferência segue uma tendência iniciada sível pensar em lazer como um fenômeno
e imposta pelo mercado ou se trata de globalizado?
uma tendência natural do ser humano a No entanto, para autores como Peter
preferir paisagens com elementos como Drucker e Domenico de Masi (apud Dias,
água, montanhas, vegetação fasta e que 2005), a sociedade do século XXI seria a
aumenta conforme esse tipo de paisagem sociedade do conhecimento e se caracteri-
não faz parte de seu cotidiano. zaria por amplo acesso à informação e
Por fim, levanta-se o questionamento a maior tempo livre disponível. Mais uma
respeito de como essa tendência que será vez cabe questionar: até mesmo quem
confirmada ou não pela pesquisa de cam- está inserido na sociedade da informação
po preliminar e que tem suas raízes em e tecnologia, acaba por possuir mais tem-
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 5(2). 2007 ISSN 1695-7121

Fernanda Heraldo y Sandro Campos 211

po livre para seu lazer? pre é possível ou é realizado seguindo
São inquestionáveis as facilidades que essa moda sem grandes realizações pes-
se encontra nos avanços da pós- soais. Às vezes viajar, se trata apenas de
modernidade, como internet, meios de “carimbar o passaporte”, de puro exibicio-
transportes mais rápidos, aparelhos do- nismo, fazendo desaparecer o lúdico numa
mésticos que poupam tempo. Mas, segun- divisão entre o “eu-que-realiza” e o “eu-
do Naisbitt (1999), aquilo que promete que-observa”. E, quase sempre, como des-
poupar o tempo das pessoas, acaba sem- crito por Camargo (Id.), o prazer do “eu-
pre por roubar mais tempo. Apesar das que-realiza” é sacrificado em favor do
facilidades geradas pela tecnologia do prazer futuro do “eu-que-observa”, que vai
consumidor, o uso do tempo não foi o be- apenas relatar a façanha. Assim, o foco,
neficiário. As pessoas acabam, segundo o às vezes se torna o status, o relato para o
autor, por não perceber ao certo as escol- outro de se ter condições de poder ter
has que fazem, tendo a sensação que a estado e poder ter pagado estar em locais
vida é acionada pela tecnologia; e que raros e caros.
talvez por isso cada vez mais almejam, Atualmente se percebe que o lazer é
como um sonho, a tranqüilidade obtida uma necessidade para o ser humano, pois
talvez em uma viagem. E há outro impas- este é um animal complexo, que não se
se: nas sociedades em que o tempo livre já contenta apenas com o atendimento de
é maio que o tempo de trabalho, as pes- necessidades

  • Univers Univers
  • Ebooks Ebooks
  • Livres audio Livres audio
  • Presse Presse
  • Podcasts Podcasts
  • BD BD
  • Documents Documents