Palco da ilusão
146 pages
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Palco da ilusão , livre ebook

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Description

Este volume inaugural da colecção Entr'acte: études de théâtre et performance do Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa reúne um conjunto de textos que fundamentam e problematizam o conceito de ilusão no espaço teatral europeu e o modo como críticos, dramaturgos e encenadores se têm posicionado relativamente à determinação de uma especificidade teatral propensa à ilusão. A imitação teatral na acepção aristotélica propiciou a transformação do palco num verdadeiro theatrum mundi e instituiu, como sabemos, diferentes posicionamentos perante o conceito de verosimilhança tendo motivado a poética do texto dramático durante largos séculos e moldado, de diferentes formas, a intensidade da ilusão no teatro. Ilusão da verdade, imitação da imitação, imago veritate imitatio vitae, speculum consuetudinis, a criação teatral não podia, por isso, alienar-se da sua função essencial de delectare e iludere.

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Informations

Publié par
Date de parution 01 février 2021
Nombre de lectures 0
EAN13 9782304242119
Langue Português

Informations légales : prix de location à la page 0,0750€. Cette information est donnée uniquement à titre indicatif conformément à la législation en vigueur.

Extrait

Palco da ilusão
Ilusão teatral no teatro europeu
Collection « Entr’acte »


Éditions Le Manuscrit Paris
© Éditions Le Manuscrit / Manuscrit.com, 2013
© Illustration de couverture : Théâtre Cornucópia. O Misantropo , de Molière, espectáculo do Teatro da Cornucópia, encenado por Luís Miguel Cintra, estreado a 13/10/1973 no Teatro Laura Alves (Carlos Fernando, Luís Miguel Cintra, Raquel Maria, Filipe La Féria, Jorge Silva Melo).
EAN : 9782304042108 (livre imprimé)
EAN : 9782304242119 (Epub)


« Entr’acte : études de théâtre et performance »
Collection dirigée par Ana Clara Santos
Cette collection a pour vocation la divulgation des activités scientifiques (travaux de recherche, essais, colloques, journées d’études, etc) menées par le Centre d’Études de Théâtre de l’université de Lisbonne. Placée sous le signe des études théâtrales et de la spécificité du langage artistique, la collection « Entr’acte : études de théâtre et performance » propose de nouveaux éclairages sur diverses perspectives concernant l’art théâtral et les autres arts. En reprenant, en guise d’hommage, le titre donné par Almeida Garrett à l’une des premières revues théâtrales du XIX e siècle ( Entre-acto ), cette collection s’ouvrira aux études théâtrales et au dialogue qui peut être instauré entre ce domaine d’études et d’autres domaines tels que les études littéraires, les études comparées, les études de traduction, les études cinématographiques, entre autres.
Membres du comité scientifique :
Maria João Almeida (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, Portugal)
Maria João Brilhante (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, Portugal)
Maria de Jesus Cabral (Centro de Literatura Portuguesa, Univ. de Coimbra, Portugal)
José Camões (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, Portugal)
Marie-Noëlle Ciccia (Univ. Paul-Valéry- Montpellier 3, France)
Rui Pina Coelho (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, ESTC, Portugal)
Barbara Cooper (Univ. du New Hampshire, USA)
Sebastiana Fadda (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, Portugal)
Yves Jubinville (École Supérieure de Théâtre –UQÀM, Québec)
Francisco Lafarga (Univ. de Barcelona, Espagne)
Vera San Payo Lemos (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, Portugal)
Alexandra Moreira da Silva (Univ. do Porto, Portugal)
Sophie Proust (Univ. Lille 3, France)
Ana Clara Santos (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, UAlg, Portugal)
Graça dos Santos (Univ. Nanterre Paris 10, France)
Maria Helena Serôdio (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, Portugal)
Jean-Marie Thomasseau (Univ. de Paris 8, France)
Ana Isabel Vasconcelos (Centro de Estudos de Teatro, Univ. de Lisboa, UAberta, Portugal)
Christine Zurbach (Univ. de Évora, Portugal)


Introdução
All the world’s a stage
And all the men and women merely players
Shakespeare, As you like it
Sueña el rey que es rey, y vive
Con este engaño mandando
[...] ¿ Qué es la vida ? : una ilusión,
Una sombra, una ficción ;
Y el mayor bien es pequeño,
Que toda la vida es sueño,
y los sueños, sueños son.
Calderón de la Barca, La vida es sueño
Ergue-se o pano de teatro…
[...] Vejo enfim tudo…
[...] vejo as coisas reais,
vejo as coisas que existem…
[...] As cidades sonhadas é que eram… reais…
As cousas são apenas a visão trémula delas
reflectidas nas águas dos meu olhar
Fernando Pessoa, A morte do príncipe
O palco europeu, nas suas múltiplas realizações, foi encenando, ao longo dos tempos, diferentes mecanismos de desdobramento do trompe l’oeil e de manipulação cénica da ilusão referencial num acto de exacerbação do artifício, da natureza ou do « efeito de real » (Barthes). Esta evolução, inserida na discussão acesa da própria teatralidade, assenta as suas bases na catarse aristotélica para vir a ser desmantelada pelas sucessivas interrogações e experimentações do teatro europeu. As suas experimentações dramatúrgicas e cenográficas, embebidas, muitas vezes, numa linguagem metateatral, conduzem o dramaturgo, o encenador e o espectador para um quadro reflexivo sobre a imitação teatral e o seu grau de aproximação do real e do verdadeiro. As contendas nas quais autores e encenadores tomam parte ilustram as sucessivas percepções da arte teatral, do ponto de vista da composição dramática e da sua performance, na sua relação com o público e com o prazer estético.
O deslumbramento pela « fábrica da ilusão » (Roubine) condiciona o artista de tal forma que este, na maior parte dos casos dependente das estéticas teatrais que moldam a discussão em torno da mimese, mergulha numa procura de técnicas arquitectónicas, cenográficas, discursivas e estilísticas susceptíveis de assinalarem o seu posicionamento relativamente às chamadas convenções teatrais. Os diferentes processos de representação artística nos quais as noções do « verosímil » e do « necessário » se tornam princípios orientadores da concepção da fábula e da ilusão em diferentes contextos histórico-literários e artísticos enformam a arte, nomeadamente a arte teatral, tida como « uma aparência verdadeiramente viva » (Hegel).
A mimese, tida como mediação (Ricoeur) e como « teatro da vida ou espelho do mundo » (Foucault), na qual o círculo hermenêutico encerra o autor e o público num espaço de prefiguração e de refiguração (Ricoeur), confere à referencialidade e à ilusão um lugar central no quadro da aisthesis . A discussão em torno da ilusão e do real só se concretiza em pleno na relação que o teatro estabelece com o público e na recepção que este faz da produção artística. A imitação teatral na acepção aristotélica propiciou a transformação do palco num verdadeiro theatrum mundi e instituiu diferentes posicionamentos perante o conceito de verosimilhança tendo condicionado a poética do texto dramático durante largos séculos e moldado, de diferentes formas, a intensidade da ilusão no teatro. A propensão ilusionista da prática teatral e a busca permanente do efeito de ilusão encontram-se intimamente enraizadas na forma como a arte representa o mundo. Ilusão da verdade, imitação da imitação, imago veritate imitatio vitae, speculum consuetudinis, a criação teatral não podia, por isso, alienar-se da sua função essencial de delectare e iludere . A dualidade da prática teatral que encerra em si o acto de composição dramática (componente textual) e a sua concretização através do acto de representação em palco (componente cénica) acentua, sem dúvida, a complexidade do efeito de ilusão. O pacto de leitura e o suposto contrato prévio entre o(s) artista(s) e o público, materializado nas convenções teatrais, denota a enorme inclinação da arte teatral para a ilusão e o prazer estético que esta propicia ao leitor/espectador. Teatro e ilusão ilustram a forma como a criação artística se conformou ou se distanciou perante as convenções na edificação de uma imagem da realidade através do espelho e da ilusão da verdade. A crença ilusória torna-se a base de um sistema que, só por si, coloca o teatro como uma arte da ilusão por excelência e valoriza a capacidade de identificação do leitor/espectador. O teatro, verdadeira arte da contemplação, possui, nas diferentes etapas da sua história, uma ampla capacidade de jogar com o fascínio pelo ilusionismo teatral. O teatro, concebido como uma arte transparente desde a Antiguidade greco-latina, culmina, sobretudo no período do classicismo, na ideia de ilusionismo total, no princípio de identificação e na função catártica e moral da representação. Com efeito, estéticas, doutrinas e artistas foram edificando, do século XVI ao século XX, uma panóplia de situações e de atitudes possíveis face à concepção do espaço teatral na sua dimensão mimética e representativa, quer a ilusão fosse tida como tão perfeita e tão completa que obrigasse o espectador a esquecer a sua própria condição de espectador e a identificar-se com a acção e os personagens em palco, quer a mesma se tornasse num veículo de consciencialização de distanciamento entre a realidade e a arte. A construção, através do

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